sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Passamos na recepção do hotel para fazer o check out mas a única funcionária que se encontra diz que não sabe usar a máquina do cartão de crédito.

Diz-nos que a colega foi só à Polícia (?), que lhe telefonou e que ela disse que estaria de volta dentro de dez minutos. Sentamo-nos na sala onde nos serviram o pequeno-almoço à espera. Quando esses dez minutos passam, diz-nos que deve estar a chegar noutros tantos minutos. Nessa altura, saímos e dizemos que passamos depois. Pergunta-nos quando regressaremos e a resposta dificilmente poderia ser outra
Ten minutes

A caminho da fortaleza da cidade, passamos por uma pequena feira onde comerciantes vendem bugigangas para os turistas, miúdos jogam à bola e velhotes defrontam-se em tabuleiros de xadrez, ladeados por alguns mirones, em pé. Entramos na muralha e, lá em cima, temos a vista privilegiada para a importante mas pouco espectacular confluência entre os rios Danúbio e Sava.

De regresso da fortaleza, passamos novamente na recepção do hotel, calculando que, finalmente, os dez minutos sérvios tenham passado. A recepcionista está sentada atrás do balcão. Tem o cabelo apanhado, uma camisa com os ombros descobertos, um sorriso plástico, uma dose industrial de maquilhagem. E unhas de gel coloridas que matariam de susto as cordas de uma guitarra.

Descemos a rua que leva da Praça da República até ao Templo de São Sava, a segunda maior igreja ortodoxa do mundo. Impressionante por fora – tiramos várias fotografias – está, no entanto, repleta de andaimes por dentro. Com alguma desolação, apenas conseguimos ver um pouco dos mosaicos da cúpula.

No regresso, passamos pela praça onde fizeram uma fonte luminosa. Mais à frente, o muro da Assembleia Nacional está coberto por uma faixa gigantesca. Para além do que está escrito em sérvio, há uma inscrição enorme em espanhol, onde se lê “España:” – as letras com as cores da bandeira espanhola – “Kosovo” – com uma imagem do território – seguido de uma seta que liga a “EU” e, de seguida, em preto, com letras ainda mais garrafais, “no pasarán”. Fruto dos movimentos secessionistas com que se depara, os nossos vizinhos ibéricos fazem parte do conjunto de países que não reconhece a independência do Kosovo e, por arrastro a sua adesão à UE. Nada contra aquele território em concreto, a reacção espanhola à ameaça de independência da Escócia aquando do referendo do Brexit é prova que o problema está na abertura do precedente e não em que desencadeia o processo.

Um cappuccino depois, num café da Praça da República, e tiramos o carro da garagem para seguir viagem.

Sem comentários:

Enviar um comentário