domingo, 30 de junho de 2013

Luft

Só quando me pergunta se quero almoçar ao ar livre é que percebo que passo os dias ao ar preso.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Jersey

É possível que a senhora do hotel tenha evitado que perdêssemos o ferry. Pergunta-nos se vamos querer pequeno-almoço e, enquanto estamos a fazer contas à hora do bilhete e, por arrasto, à hora a que temos de sair, avisa-nos que temos que estar uma hora antes. Ficamos a olhar para ela: uma hora antes para entrar num raio dum barco? Pior que nos aeroportos, nunca nos teria passado pela cabeça.

Estacionamos o carro, seguimos em direcção ao terminal, dirigimo-nos ao balcão para fazer check-in. Ao que isto chegou, check-in num barco. Não muito tempo depois, o café e o crossaint são interrompidos pela indicação de que vai iniciar o embarque.

Cerca de uma hora e vinte minutos de mar agitado e temos o porto de Saint Helier à nossa frente.

Nove por cinco. Milhas, claro, ou não fosse Jersey é uma das ilhas anglo-normandas. Um paraíso fiscal e – de acordo com a fidedigna fonte chamada Wikipedia – o sexto PIB per capita mais elevado do mundo. Alugamos duas bicicletas na loja ao lado da estação de autocarros. As ciclovias estão indicadas no mapa, fazemos a baía à saída da cidade principal e pedalamos até ao outro lado, até Saint Aubain. Daí, o alcatrão passa a terra e entramos num arvoredo a fazer lembrar Sintra. Leva-nos até à ponta sudoeste onde se encontra o farol.

No regresso para a cidade, paramos para comer. Um tipo alto atende-nos. Hi guys. Fazemos o pedido e vamos a falar um com o outro em português até à mesa. Vocês são portugueses? A surpresa não devia ser tão grande, afinal estão (estamos) por todo o lado. Este já tinha estado nos quatro cantos do mundo – quase sempre a seguir miúdas, como nos explica. Também já tinha feito de tudo, até jogar à bola. E agora tem um bar de madeira num caminho no meio do parque.

Depois de comer, despedimo-nos e seguimos a pedalar. À medida que a tarde avança, começamos a fazer o caminho de regresso à baía. Entregamos as bicicletas, arranjamos mantimentos e esperamos pelo barco. Outra hora e tal até pisar novamente terras francesas. Quando chegamos, está uma gaivota em cima do carro, como se o tivesse estado a guardar o tempo todo.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

«Nunca gostei de aeroportos. Tão cheios de gente, tão sem ninguém. Prefiro as estações de comboio, onde sobra tempo para lágrimas e para acenar de lenços. Os comboios arrancam lentos, suspirantes, arrependidos de partir. Já o avião tem pressas que não são humanas."

A confissão da Leoa, Mia Couto

segunda-feira, 24 de junho de 2013

domingo, 23 de junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Acontece aos melhores

Antes do cargo que actualmente ocupa, o São Pedro trabalhava nas Chaves do Areeiro. Ou isso ou era porteiro de discoteca.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Invicta

Há quem diga que o Porto é uma nação por si só. Estou tentado a concordar: sinto que é quase como ir a outro país. Abri o Google maps e percebi que não percebo nada da disposição da cidade. A culpa é toda minha, as duas (curtas) viagens que fiz ao Porto foram já há muito tempo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Auto

Quando chegamos aos dezoito anos e podemos tirar a carta e começar a conduzir, o carro é nitidamente um símbolo de liberdade. Acaba-se a dependência em relação a transportes ou boleias. Podemos ir de férias ou fazer uma road trip.

Depois muitas vezes o carro passa a estar associado às rotinas de deslocações diárias e de muitas horas passadas no trânsito. E a uma dependência que torna aqueles dias em que resolve não andar num pesadelo. E então transforma-se em sinónimo de prisão.

Há já alguns anos que tenho o privilégio de maioritariamente me socorrer das minhas pernas e andar de um lado para o outro no dia-a-dia. Pego no carro normalmente apenas ao fim-de-semana. E nesta condição de novo-domingueiro voltei a sentir uma liberdade parecida à dos dezoito anos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

É tudo uma questão de controlo.

Cede-lhe o controlo. Deixa-o fugir-te, deixa-o escapar-te por entre os dedos das mãos como grãos de areia fina. Não é fácil, é contraintuitivo. Ficar fora da zona de conforto, entregar o conforto, pô-lo em mãos alheias. Pior: mãos alheias que têm um interesse nesse conforto.

Fá-lo sentir que está totalmente a conduzir o rumo dos acontecimentos. E depois deixa-te ficar à espera. Não faças mais nada, rigorosamente nada. Limita-te a esperar. Eventualmente perceberá que o controlo não passa de uma ilusão.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Telebasura

Estaciono uma meia-hora ou coisa que o valha na RTP2 a ver na diagonal um documentário sobre política, empresas petrolíferas, Médio Oriente e guerras enquanto vou trabalhando. Quando acaba, mudo de canal à procura de outra coisa. Mudo e na SIC está o Toy vestido de super-homem – mas com um “t” ao peito em vez de um “s” – molhado a ser entrevistado pela Júlia Pinheiro e a ser avaliado por um júri. Avanço mais um canal e na TVI está a dar um Big Brother qualquer.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A Mercedes tem dificuldade em perceber o conceito de “travão de mão”.

Ou os alemães têm uma mão onde as pessoas normais têm um pé esquerdo ou então aquele pedal pequenito à esquerda da embraiagem – um bocado mais afastado, mais perto da porta para evitar desastres por confusão dos dois – é, no fim de contas, um travão de pé.

Logo à partida, a técnica, óptima para nabos como eu, de fazer ponto de embraiagem com o travão de mão fica excluída: é impossível ter um pé na embraiagem e controlar o travão de pé. Daqui se conclui que conduzir um Mercedes não é para nabos (como eu).

E depois há outra. Há um conjunto de gestos associados a parar um carro que me foi incutido pelo meu instrutor de condução que mecanizei e executo na perfeição sem para tal mobilizar um neurónio que seja. Por esta ordem: engatar o carro, puxar o travão de mão, rodar a chave e desligar o motor, tirar o pé da embraiagem e, finalmente, tirar o pé do travão. Ora, face ao acima exposto, num Mercedes, esta sequência cai por terra logo no segundo ponto da lista com o carro a ir abaixo. Donde se conclui que o meu instrutor devia ter definido uma sequência alternativa para condutores desta marca alemã.

domingo, 9 de junho de 2013

sábado, 8 de junho de 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

References

Adoro que me digam que não posso, que isso não dá, que nunca vou conseguir. É que normalmente é esse o empurrão que me falta para que efectivamente consiga.

domingo, 2 de junho de 2013

Gosto de pensar que essa coisa da inspiração existe.

Sobretudo, quando, de um momento para o outro, interrompo um período prolongado de menor produtividade com uma bolsa enorme de posts para ir colocando. E depois páro um bocado para pensar – às vezes acontece. Da mesma forma que recomecei a ler (à bruta) recomecei a escrever – (cor)relacionado? Por outro lado, o reflexo de Pavlov: estar novamente num determinado sítio faz-me repegar hábitos que a ele associo. Não sei porquê mas sempre li mais em Portugal. Por muito pouco romântico que possa ser – e logo eu que gostaria tanto de acreditar que há um lado romântico nestas coisas – estou mais inclinado em aceitar a segunda explicação – coadjuvada pela primeira, nem que seja apenas porque alguns posts são citações.

sábado, 1 de junho de 2013

Realeza

Sempre que oiço falar em palitinhos de la reine penso que o rei andou a fazer coisas que não devia.