quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

sábado, 23 de janeiro de 2021

Retrocesso

A realização de testes de antigénio em escolas vai piorar o resultado das avaliações às competências dos alunos. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Arranjava sempre forma de levar a melhor sobre quem se atravessava na sua frente.

Qual craque, adorava driblar, fintar os seus adversários, fazer slalom com os argumentos que esgrimia como ninguém. Dava-lhes autênticos nós-cegos, verdadeiros golpes de rim, manobras acrobáticas e pontapés de bicicleta, que os deixavam feitos num oito, sem combustível, a precisar de ir à box.

Até que, um dia, encontrou alguém à sua altura. Entraram em ringue e começaram a bater bolas. Primeiro com alguma suavidade, estudando-se mutuamente. Aos poucos, depois de algumas piscinas a intensidade foi aumentando. Taco-a-taco, muito equilibrado, fazia antever uma maratona com um final em sprint e com recurso ao photo-finish.

Até que, confiante, sentiu que tinha surgido uma oportunidade para um ataque que o faria cruzar a meta em primeiro. E, então, sem cerimónia, já a antever a bandeira axadrezada, fez uma verdadeira entrada a pés juntos, de é em riste. “Bem jogado!”, pensou.

Para sua surpresa, no entanto, foi apanhado em contra-pé: o adversário desencadeou um contra-ataque feroz. Como se tivesse recebido uma assistência para uma desmarcação perfeita, tirou um verdadeiro ás na manga, que acertou, em cheio, na mouche. Um autêntico afundanço.

Tentou, sem sucesso, ripostar, virar o marcador: chutar para canto, cortar as vazas. O estrago estava feito, estava destrunfado. Antecipava o KO. Teria que pedalar muito, em contra-relógio, se quisesse ter qualquer hipótese de inverter o resultado até ao apito final. Sentiu-se fora-de-jogo, posto em xeque. Nunca havia sido vítima de uma tal placagem, um verdadeiro ensaio de porrada. O mundo todo desabava à sua volta.

Então, resignado, limitou-se a passar o testemunho.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Nem na tomada de posse

Sonia Sotomayor: "Repeat after me: I, Kamála David Harris, do solemnly swear..."

Kamala Harris: "I, Kámala David Harris, do solemnly swear..."

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Little 6655321

«It may not be nice to be good, little 6655321. It may be horrible to be good. And when I say that to you I realise how self-contradictory that sounds. I know I shall have many sleepless nights about this. What does God want? Does God want goodness or the choice of goodness? Is a man who chooses the bad perhaps in some way better than a man who has the good imposed upon him?»


A clockwork orange, Anthony Burgess

domingo, 17 de janeiro de 2021

Slooshying

«I don't mind about the ultra-violence and all that cal. I can put up with that. But it's not fair on the music. It's not fair I should feel ill when I'm slooshying lovely Ludwig van and G. F. Handel and others. All that shows you're and evil lot of bastards and I shall never forgive you, sods.»

A clockwork orange, Anthony Burgess

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Shotgun blues IV

No especial da Netflix, Dave Chapelle fala sobre os "shooting drills" que, segundo conta com algum espanto, começam a existir nas escolas americanas para treinar os alunos e professores, à semelhança de incêndios ou tremores de terra, a reagir e evacuar as instalações, mas numa situação de tiroteio.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Shotgun blues III

Só num país com a cultura de armas dos EUA existem expressões como "shotgun wedding", para designar um casamento forçado devido a uma gravidez não-planeada.   

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Carlos Daniel em modo paternalista:

ventila a possibilidade de cortar o som dos microfones caso os candidatos falem por cima ou interrompam os outros. 

Shotgun blues II

Só num país com a cultura de armas dos EUA existem expressões como "riding shotgun". Usada para designar quem ocupa o lugar do pendura, na génese referia-se ao guarda-costas do condutor de carruagens, que o protegia de potenciais ataques por parte de bandidos ou nativos-americanos. Tem a variante "call shotgun", para invocar a prerrogativa de ir no lugar da frente.  

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Shotgun blues I

Só num país com a cultura de armas dos EUA existem expressões como "shotgun houses". Tratam-se de casas nas quais a porta da frente dá para directamente para a porta de trás, através de um corredor, ao longo do qual as divisões se situam lateralmente.

domingo, 10 de janeiro de 2021

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Claramente uma tentativa de varrer a totalidade do espectro político.

Mayan Gonçalves tem (no mínimo) um tique: assim que acaba de dar uma resposta mais aguerrida (de acordo com o seu standard, claro), olhando para a sua direita, onde está a pivot da TVI, vira a cara rapidamente para a esquerda, antes de voltar a recentrar o olhar no oponente à sua frente. 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Acção reacção

O dia (europeu) começa com a Georgia a dar maioria democrata no Senado e termina com uma invasão do Capitólio.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Fila

A fila à porta do Instituto do Emprego e Formação Profissional, na 5 de Outubro, prolonga-se até à Rua de Picoas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A ingratidão de ser argumentista

Assumi que não chegaria a ver. Enganei-me. Num processo de zapping catatónico, o pequeno ícone apareceu-me à frente e resolvi espreitar. O menor número de episódios desta última temporada também fez o seu papel: afinal, o investimento seria menor. Convicto da pouca convicção, carreguei no play. 

A minha conjectura era que a ausência de Kevin Spacey, por força pelas razões conhecidas, tiraria muita da força de House of Cards. Não me enganei. O vácuo criado pelo desaparecimento do casal presidencial não chega nunca a ser preenchido, pese embora a tentativa de introduzir conflitos e intrigas palacianas com outras personagens, assim como, e sobretudo, pela dupla de irmãos protagonizada por Diane Lane e Greg Kinnear. O resultado é uma amálgama, uma tentativa falhada de terminar uma história, de lhe dar um final sem, no entanto, ter todos os recursos e instrumentos à disposição. 

domingo, 3 de janeiro de 2021

O primeiro debate com André Ventura foi aquilo que se esperava:

muito similar à actuação de Trump no seu primeiro debate, frente a Biden, há uns meses a esta parte. A técnica resulta: impediu que João Ferreira conseguisse tivesse grande hipótese de ripostar e granjeia apoio junto dos simpatizantes do Chega. 

Trump foi mais moderado no debate seguinte, em parte porque teve de o ser - as regras foram apertadas, incluindo o corte do som do microfone do candidato que não é suposto estar a falar - mas também auto-induzido - muitos votantes americanos não gostaram do espectáculo. No caso do Ventura, na medida em que não está verdadeiramente em causa a vitória nesta eleição, a moderação nos próximos debates não parece ser boa estratégia.    

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Quando me apercebi já só havia bilhetes para a data extra, adicionada ao calendário da Culturgest para tentar acomodar a avalanche de interesse.

IV. "Psalm" E às 11h, qual missa matinal, para tentar acomodar as restrições sanitárias. O habitual quarteto entra em palco em forma alargada: há um segundo baterista, assim como um saxofonista barítono e um trompetista. 

III "Pursuance" O formato é tão simples como, naturalmente, arriscado: pegar no Love Supreme e tocá-lo de fio a pavio. Os títulos dos andamentos (chamemos-lhes andamentos, como nas peças clássicas) são projectados no início de cada, com a respectiva numeração romana. 

II "Resolution" A duração é algo alargada face ao original, com a introdução em solo de baterias (interessante chamar solo à performance de dois instrumentistas) e outras artimanhas usadas como uma espécie de cola entre os diversos momentos. De resto, Toscano mergulha de cabeça no som, na voz, no saxofone de Coltrane. Sem medo. Eventualmente também sem olhar para trás e sem pensar duas vezes. 

I. Acknowledgement O resultado está à vista: com uma maturidade musical pouco característica e natural na idade, Toscano é, merecidamente, um dos nomes mais relevantes da actualidade.