quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pegas na pequena colher.

Aquela que usaste para mexer o líquido depois de teres adicionado açúcar. E, com uma delicadeza absurda, mergulhas o metal no interior da chávena. Um pouco de café naquela colher. Pequena colher. E dás-me à boca. Só essa colher. Porque ainda não tenho idade para mais.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

Home sweet home

Filas intermináveis. Drop-off manual da bagagem. Atraso do voo. Filas na porta de embarque para waiting lists. Embarque demorado. Pista bloqueado por veículo que deveria remover neve. Limpeza da fuselagem do avião para remover o gelo. Nova limpeza da pista. Finalmente descolagem.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dizem que o Elvis ainda está vivo mas ia jurar que ontem dei de caras com a Billie Holiday.

E tudo a propósito de uma balalaika. Não digam que são as cervejas a falar, ainda antes de tocar na primeira já estava com essa impressão. Tocámos um pouco, cantámos um pouco, trocámos umas impressões. How do you know these songs? Ainda me pediu fado assim que lhe disse a minha nacionalidade mas esse é um terreno demasiado resvaladiço para mim. I like your chords. Prometi-lhe que voltava, para a próxima com a minha menina e com auxiliares de memória. À saída: are you sure you know your way back here? Disse-lhe que sim, of course. E então ela, pelo sim pelo não, o seguro morreu de velho, enfiou-me um cartão na mão.

I’ll be waiting.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

In a friday night mood

Estou a ouvir o Sweet Child o´Mine em repeat. Where do we go now? E que ninguém me pare.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

You look tired.

E estava. Noite mal dormida. Desviei o assunto e a certa altura falei-lhe de café, que ainda me faltava a minha segunda dose matinal e que, após esse ritual, imediatamente pareceria mais desperto. Devias largar esse vício. Eu larguei o tabaco. Cinco anos de fumadora, respondeu-me pouco depois. Nicotine pads? Respondeu negativamente com a cabeça. E eu: just like that? Cold turquey. Entretanto as portas, a saída, as escadas rolantes e, depois de pensar um pouco, soltei um sorriso. Já sei o que quero para o Natal, vou dizer à minha mãe que este ano é cold turquey.

That´s funny, disse praticamente sem sorrir.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quando for grande quero escrever como este gajo

«As mulheres – mas também os homens – perdem boa parte dos seus anos 30 com pena de não terem 20. Nos 40, já aceitariam ter os 30 mas sofrem por não terem. Nos anos 50, continuam a perder tempo a chorar que já não têm 30 – ou 20 – há 20 ou 30 anos. Nos anos 60, pena de não terem 40. Só nos anos 70 começam a dar valor a ter apenas 50. E, nos anos 80, até 60, mas não 65 – parece uma idade desejável, pela qual vale a pena queixarem-se. Só nos anos 90 é que descansam e folgam que ninguém lhes dá a idade que têm, embora gostassem mais de ter 40 anos. Ou 30. Ou 28.

A comédia – porque é mais um desperdício do que uma tragédia – é que perdem os 30 por causa dos 20, os 40 e 50 por causa dos 30 (já de si perdidos por causa dos 20); os 60 por causa dos 40 e os 70 por causa dos 50: duas décadas perdidas, a lamentar duas décadas passadas mas nem por isso menos bem-vindas ou mais desamadas. Não há maneira de ganharem juízo. Só na década dos 20 – dos 15 anos 25 anos, para sermos mais precisos, já que são desilusões que obedecem mais aos lustros do que às décadas – é que existe uma aparência de harmonia. É um equilíbrio ranhoso – mas assoa-se e dá-se o passo seguinte.

Mal nascemos, começamos a envelhecer. Só há duas idades: a idade em que, estupidamente, queremos ser mais velhos e a idade em que, não menos estupidamente, queremos ser mais novos. Apenas nascemos, mudamos e sobrevivemos, até morrermos. Nascer e morrer não contam. Só mudar e sobreviver.»

MEC no Público

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

I’m the best girlfriend there is; I travel a lot

Acabei de saber que o Fernando Nobre esteve em Beirute em 82. Vou já a correr votar no gajo.

Banzai

Já só falta finalmente sabermos o que aconteceu em Camarate a partir do Wikileaks

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os 90 anos do Dave Brubeck

Que, por acaso, acho que foram na 2a, mas isso agora não interessa. E esta cerimónia é de Dezembro do ano passado, isso também pouco importa. Importa sim que até o Obama lá estava e isso não aconteceu por acaso.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estou aqui.

Para quando precisares. Estou aqui, bate-me à porta e juro que te abro com a maior das boas vontades. Estou aqui para o que precisares, a sério que estou. Estou aqui. Acredita.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

De repente saiu-te a frase.

Assim, sem mais nem menos. Estamos sentados à mesa com todos os outros e tu, ao meu lado, olhaste para o telemóvel e achaste por bem contares-me algo tão íntimo. É claro que fiquei atrapalhado, que raio de reacção querias que tivesse? Logo eu que sou uma espécie de elefante numa loja de porcelana. A custo consegui segurar a situação – usei a velha técnica do irmão mais velho – e dizer minimamente inteligente e com sentido e aos poucos senti a poeira assentar. E o assunto ficou por ali, pelo menos pensei que tinha ficado até, horas depois, sem eu estar outra vez à espera – raios, juro que me estavas a testar – voltaste a puxá-lo. O papel de irmão mais velho, outra vez, safou-me e consegui uma vez mais ver o pó fino progressivamente a aterrar no chão. O sofá, deitada no sofá, apanhaste-os a todos de costas para me pores outra vez à prova. Testar-me. Aproveitaste a língua mais solta do que o habitual e tentaste espremer-me. Juro que não me apetecessem jogos, ficas a saber que estou cansado e farto dessas merdas. A próxima vez que me quiseres pôr à prova prepara-te para ir até às últimas consequências. E aí vamos ver que quem cede primeiro.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Down memory lane

Estes pacotes de sumo levam-me até à minha infância. Há anos que não os via e, de repente, ali estavam numa prateleira do supermercado. Não resisti a comprar uns quantos. Mudaram o modo de abertura, que era chato como a potassa, e puseram uma daquelas coisas com rosca. Mas, ainda assim, devo dizer que o conteúdo deixou a desejar.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Com o berro que o gato deu

Soltas o cabelo, escorre-te pela cabeça que sacodes ligeiramente. As tuas mãos ainda no ar e eu
Desculpa
As tuas mãos finalmente a pousarem, o cabelo liso escorrido pela cabeça a baixo. Tens um boné, verde seco. Daqueles que parecem da tropa. Contrasta com o loiro agressivo do teu cabelo.
Blondie
Dá-te um ar rebelde. Se não fosse pelos dois ou três pins e crachás muito coloridos que puseste no lado esquerdo, quase te poderia confundir com um guerrilheiro revolucionário.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Era um rei muito poderoso.

Tinha ao seu cargo milhares de súbditos, possuía terrenos a perder de vista, tinha castelos, palácios, palacetes, repletos de empregados. Um dia entrou em guerra e perdeu uma parte significativa das suas posses para um rival. Perdeu alguns dos seus súbditos em guerras e outros tantos abandonaram-no.

E então tanto a Fitch como a Moody´s reviram o “reiting” do seu reinado em baixa.