segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

No more bunny slope for me

Imensa papelada para arrumar, imensa coisa para limpar. Na CNN estão a cobrir a história de um jogador de cricket que saiu do armário; o Pedro Pinto até está a entrevistar a Navratilova e tudo. Passados meses, voltei a usar um forno. Num canal qualquer alemão (n-tv...?) estava a dar uma reportagem sobre a construção das pirâmides do Egipto. Egito, segundo a nova ortografia, que me causa arrepios e, há que dizê-lo, alguns vómitos. Esteve um dia de sol ridículo hoje, de manhã à noite com céu azul, algo que só poucas vezes vi e foi há muito tempo. A Navratilova continua a responder às perguntas do Pinto em directo do Colorado (na legenda diz que ganhou 59 Slams!! Grande parte deve ser em duplas...). O vizinho de cima caminha com pé pesado.

Vou para a cama. Até amanhã.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

All in

E passados estes anos todos, ali estavas tu. Outra vez. À minha frente. Nem queria acreditar. Quer dizer, não eras tu. Era ela. Mas ela era exactamente como tu há estes anos todos atrás. Ela eras tu. Com um único senão:

Ela não és tu.

Autopistas

O que ganham na redução de consumo, perdem a mudar os sinais de trânsito

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A arte da oratória

O Paulo Portas até em plena Festa do Avante era capaz de arrancar um bom discurso. E na volta ganhar um ou outro voto.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

En garde

Pára. Quieta, um bocadinho. Arreda lá para trás. Não sou muito bom a dizer que não mas dou-te as entrelinhas todas. Lê-as. Com calma, take your time. Desde que as leias, tudo bem. Sou paciente. Demasiado paciente, diga-se de passagem. Tão paciente que às vezes irrita. E, no entanto, farto-me logo; para isso não tenha paciência. Rigorosamente nenhuma. Por isso, olha bem. Melhor: vê bem. Está lá tudo, juro-te. Bem escarrapachado. Explícito. E pára. Quieta.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Volatilidade

Desde que surgiu o caso da velhota morta há nove anos em casa que todos os dias há mais um velhote qualquer que aparece morto há três quinze dias. Não há paciência para esta comunicação social.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Paciência.

Tens que ter paciência. Tudo gira em torno da minha capacidade de esperar. Que é como quem diz, suportar. Aturar. A pouca idade é normalmente associada à falta de paciência. Não sei o que é pior. Porque à medida que os anos avançam, deixamos de estar para isso.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A morte e os impostos

«Nos arredores de Lisboa, Augusta, que teria hoje 96 anos, morreu sem ninguém dar por nada. Nem família, nem amigos, nem serviços públicos. Uma vizinha, epenas ela, bateu a todas as portas que pôde, por estranhar a sua ausência. Da família, da GNR, de todos, apenas a indiferença. Nem a segurança social, nem os serviços de saúde. Ninguém. Era apenas uma velha num prédio de uns subúrbios. Passou oito anos a bater a portas. A burocracia impediu que alguém fizesse alguma coisa. A porta não podia ser arrombada. A GNR até gozou com a preocupação da vizinha. Coisas de velhos, terão pensado.

Mas Augusta, cidadã portuguesa, era também contribuinte. E aí deram por falta dela. Tinha uma dívida. Sem um único contato, a frieza da máquina leiloou o seu apartamento. Quando os novos donos chegaram, a porta foi finalmente arromada. E lá estava Augusta, morta no chão da cozinha. Tinha morrido há oito anos sem que ninguém tivesse dado ouvidos à vizinha.

O que impressiona, para além da solidão que permite que alguém morra sem que ninguém dê por nada, é que o mesmo Estado que dá pelo não pagamento de uma dívida ao fisco não dê, não queira dar, pelo desaparecimento de um ser humano. Que o contribuinte exista, mas ocidadão não. Que quem tinha a obrigação de pagar impostos tenha deixado de existir nos seus direitos. A metáfora é macabra. Mas é poderosa. Este Estado que não se esquece - não se deve esquecer - de nós quando é cobrador, mas para quem não existimos quando nos é devida alguma atenção.

Diz-se que só há duas coisas certas na vida: a morte e os impostos. Parece que para o Estado português só a segunda parte é verdadeira.»

Daniel Oliveira no Expresso

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Perfume

Há uma parte de ti que está cheia de vontade de me falar sobre aquilo que não deve. Não tenho nada a ver com aquilo que me queres contar e, no fundo, não deves. Será a tua forma de simpatia, a tua forma de chegares até mim, dando-me uma parte de ti. Que, pensando bem, até pode nem ser assim tão substancial quanto isso – se me estás a contar é porque seguramente não é. Não deixo de registar com piada o teu passo. Quase um salto de fé. Curiosamente, bastante seguro, demasiado seguro para um salto de fé, que pressupõe alguma insegurança. Ou, pelo menos, deveria. Talvez pela tua assertividade. És tão assertiva que o simples facto de puxares o tema sem que ele viesse minimamente a propósito nem sequer destoa. Nem sequer parece que foi retirado da cartola, puxado a saca-rolhas. Embora eu saiba que foi.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

I’ve been wrong before

Fitou-me muito seriamente. Eu só me casei aos 34 anos. E acrescentou sem mudar a expressão facial: e ainda fui a tempo de arranjar chatices.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

All over again

Nalgumas coisas somos todos iguais. Demasiadamente iguais. Nem tudo são desvantagens: a previsibilidade é uma espécie de garantia. Mas a desvantagem do all over again é grande demais.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ixus

Os fans e adeptos achavam-no arrogante e de poucas maneiras porque nunca se dignava a dar autógrafos. O atleta não era nada disso: era simplesmente analfabeto.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Metropolitana

Entrei no metro e ela ficou para trás. Ainda pensei que fosse o facto de partir de uma linha que não era habitual mas se toda a gente se deslocava para ali. Sentou-se no banco da estação e tirou um saco de plástico de dentro da mala, o qual acondicionava sapatos de salto alto. E só então percebi. Tirou dos pés os sapatos rasos – e algo rafeiros – com que tinha descido a rua e trocou-os pelos elegantes. De facto, tinha achado estranho que fosse aquela a combinação de saia-casaco com sapatos rasos que fosse usar. Mas estaria à espera que fizesse a troca no escritório, não no banco da estação de metro.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Bermudas

Quando se apercebeu que estava envolvido num triângulo amoroso, a única coisa que lhe passou pela cabeça foi o quão injustas tinham sido as suas más notas a geometria no liceu.