segunda-feira, 18 de junho de 2012

Fare il portoghese

Significa não pagar por qualquer coisa. Aparentemente tem uma razão histórica; wikipediar para um esclarecimento infinitamente mais completo do que o meu. Sinto alguma injustiça: sou dos poucos expats que paga o metro nesta cidade

sábado, 16 de junho de 2012

Árpi

Como bom húngaro que é, troca o “v”’ com o “w”. É uma luta constante naquela cabeça magiar e que, normalmente acaba em derrota. A mim, gosta de me chamar Richie: começou por ser Ricardo por analogia ao jogador de futebol e rapidamente passou para o diminutivo. Sem nenhum húngaro que me seja conhecido e que possa usar como moeda de troca, recorro simplesmente a Árpád, o segundo nome próprio.

Esta semana foi a última no nosso piso, vai para os Estados Unidos. Teve a festa de despedida, o cartão assinado por todos, os discursos e o brinde. Cruzámo-nos no segundo piso, vinha de uma cigarrada. Despediu-se de mim e de outro amigo com um abraço gozão e depois disse-nos que tínhamos que dar uma saltada aos States para lhe dizermos ao olá, ao que eu, com alguma dificuldade, respondi:

Ve vill wisit you, don’t vorry.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Os irlandeses estão fartos de levar no lombo...

...mas não páram de cantar, têm um espírito incrível. E o Ronaldo já aprendia com o Torres a matar jogos.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A insustentável leveza

Ele empurra a cadeira de rodas onde ela se senta, diligentemente. Vão à conversa. É mais ele que vai a falar com ela, como se a tentasse entreter. Entretanto estão a chegar àquela rampa onde o terminal curva sobre si próprio, que quase parece separá-lo em duas metades distintas. Ele diz com sotaque brasileiro: “quer com emoção ou sem emoção?”. Ela ri-se e diz que não.

domingo, 10 de junho de 2012

Matchpoint

Sempre gostei particularmente daqueles pontos no ténis que podem fazer um jogo pender totalmente para um lado ou outro. Como quando está 30 ou 40 igual e o próximo ponto pode dar um ponto de jogo ou um ponto de break, que por sua vez podem resultar num set ou mesmo num encontro para ambos os jogadores. No fio da navalha. Tento pôr-me nos pés daqueles tipos que estão no court, olhados, perscrutados por tantos olhos, no local e pela televisão. Deve ser uma tensão incrível lidar com esses momentos e eles estão completamente sozinhos. Da mesma forma que os decisores de topo falam (queixam-se?) da solidão inerente aos momentos de tomada de decisão.

O jogo de hoje, cujo desenlace foi adiado para amanhã por causa da chuva, é o expoente máxima desses momentos de aparente igualdade que só podem resvalar na oportunidade de um dos dois jogadores dar um passo de gigante no encontro. Finalmente percebi o que está em causa. Se o Nadal ganhar, torna-se no primeiro tipo a ganhar sete vezes em Roland Garros (sete!!), se o Djokovic ganhar será o primeiro tipo a deter os quatro Grand Slams ao mesmo tempo, algo que desde 1969, se não estou em erro, não acontece. É que não se trata apenas de ver quem leva o caneco para casa. Trata-se de decidir quem vai escrever o nome na história do desporto.

terça-feira, 5 de junho de 2012

É uma reportagem sobre estrangeiros que usam hospitais privados no Algarve.

Gostam muito do atendimento e juntam uns dias de praia com uma cirurgia, na maioria, plásticas e ortopédicas. Durante os quatro minutos de vídeo da SIC Notícias, para além da sul-africana, da alemã e de uma outra nacionalidade, também os responsáveis das unidades clínicas dizem umas palavras e publicitam-nas. Gestores hospitalares com aquela cara de gestor que têm a lenga-lenga bem decorada e sempre pronto a pô-la cá para fora caso a ocasião surja. Um deles está a referir-se à qualidade do serviço que têm para oferecer – da mesma forma que podia estar a falar de iogurtes ou detergentes – e diz “os nossos clientes”. Na frase seguinte resolve corrigir-se – o que no limite até pode ter sido pior – e usa a expressão “pacientes”.

Para mim, já vai, obviamente, demasiado tarde.

domingo, 3 de junho de 2012

Chew

A TAP serviu-me uma refeição como as que a minha mãe costumava preparar para a minha avó: empadão e depois aquela fruta em papa. A cena é que a minha mãe fazia isto para a minha avó porque ela não tinha dentes.