quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O condutor provou-me errado:

afinal ainda era possível levar mais pessoas naquela mini-van onde, aos meus olhos, não cabia nem mais uma ervilha. Primeiro uma senhora que se sentou no degrau ao fundo do corredor, antes da última fila de bancos. Um senhor de ficou de pé no corredor e um jovem acabou a partilhar banco com um dos passageiros que, gentilmente, lhe ofereceu parte do seu.

Pelo caminho, uma folha é posta a circular pelos passageiros para que escrevam os nomes e números de passaporte. Mesmo assim, as formalidades na fronteira são morosas. Os guardas recolhem os passaportes de todos, entram no posto e demoram a regressar e devolver os passaportes carimbados.

Chegamos à estação de autocarros cerca de duas hora e meia depois. O caminho em direcção ao centro da cidade faz-se pelo meio de um bairro habitacional, que vai desembocar a uma avenida movimentada, com várias lojas. Seguimos por essa avenida até nos depararmos com um primeiro ex libris: a estátua de um Bill Clinton sorridente, que acena com uma mão e, com a outra, segura um livro. Ao lado uma bandeira dos EUA. Ao fundo, prédios coloridos, velhos, sujos. Só depois de fotografar a estátua, vejo que avenida recebeu o nome do ex-presidente americano.

A próxima paragem, um pouco mais à frente, depois de um pequeno jardim, é a biblioteca universitária de Pristina, considerada, em alguns fóruns online, como um dos edifícios mais feios do mundo. Não muito longe, uma avenida pedonal repleta de esplanadas onde, ao fundo, crianças de fato-de-banho brincam nuns repuxos de água.

Quando damos por nós, estamos sentados a beber um café numa esplanada perto de um símbolo do território: um letreiro com letras metálicas bem grandes, que formam a palavra “newborn” e que, a propósito dos 10 anos da declaração unilateral de independência, foi alterado para new10rn”. Consultamos os horários de regresso a Skopje. Temos um autocarro dentro de meia hora. Consultamos o Google maps que calcula a duração do percurso a pé até à estação em meia-hora. Pagamos rapidamente e largamos a correr.

Compramos os bilhetes e dirigimo-nos à plataforma com um misto de expectativa e receio em relação ao que vamos encontrar. Desta vez, sentamo-nos num autocarro bastante maior mas também bastante mais velho, sem ar condicionado. Felizmente vai quase vazio, apenas alguns passageiros para além de nós. Por cima da porta, as indicações do número de lugares sentados e em pé estão em francês.

A agressividade do condutor não inspira grande confiança. Para além das inúmeras chamadas que atende ao longo do caminho, por vezes resolve observar as actualizações no Facebook. Quando já estamos perto da cidade, pára numa estação de serviço para abastecer. Deixa o veículo com o motor ligado e sai. Regressa já depois do abastecimento estar feito, traz dois sacos de compras na mão.

Mais à frente, o trânsito começa a adensar. Falam entre eles, calculamos que tenha acontecido qualquer coisa. Explicam-nos: há uma greve dos taxistas que está a gerar o pandemónio. Chegam à conclusão que não vale a pena insistir em chegar à estação de autocarros, que será mais fácil sairmos antes e fazer o percurso a pé. Ainda antes de sair, vemos um velhote num carro a tentar entrar numa estrada em contramão, a partir da saída. Um dos tipos atrás
Macedonia, ok
e rimo-nos. Saímos e, simpaticamente, dão-nos as indicações para regressarmos ao centro da cidade.

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