sábado, 7 de julho de 2012

A tua mão. A forma como me toca no braço. Quente. Agarra-me sem me agarrar. Ao de leve, dedos finos, o anel em forma de losango, faz-me olhar, faz-me voltar a cara e olhar-te. Prende-me. Insinua-se sem se insinuar, insinua-te sem te insinuar. Compromete-te. O anel em forma com forma de losango, comprido. Sempre leve. Olho-te. O toque leve agarra-me, e então é forte, chama-me. Volto a cara, olhar-te. Os teus dedos, finos. Quentes. Denunciam-te. A mão. Compromete-me.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cocoon

Ouço a campainada atrás de mim. Não vou na faixa das bicicletas, vão duas raparigas a bloqueá-la e daí o ruído irritante. Passa no meio de nós, a pedalar com uma suavidade inconcebível, uma segurança que quase embala. Retira a mão esquerda do guiador, parece que vai esticá-la para indicar uma mudança de direcção que não faz sentido, não há para onde virar ali. Depois percebo. A mão segue o movimento até ao cesto que repousa na protecção da roda traseira. Lá dentro vai um cão, deitado, aconchegado. Faz-lhe uma festa na cabeça como que a pedir-lhe desculpa pela buzinadela.