sábado, 25 de janeiro de 2020

O dia começa muito cedo, pelas 6h saímos em direcção à Sossusvlei, por forma a evitar a hora de maior calor.

Ironia do destino, acabamos por perder tempo precioso: o Elefante foi vítima de um furo. Quando passámos o portão que dá acesso ao parque, já deveria passar das 11h. A longa e direita estrada corta por uma paisagem de elevações enormes de areia de um cor-de-laranja forte e carregado, que contrasta fortemente com o azul do céu.

A certa altura, a estrada é tomada pela areia e é necessário deixar os veículos num parque, a alguma distância, e apanhar um dos jeeps. A fila de turistas à espera é relativamente grande. Aliás, de todas as atracções turísticas, esta foi a mais concorrida. Esperamos ainda alguns minutos até finalmente ser conduzidos.

À nossa frente está o Big Daddy, uma duna com sensivelmente 325 metros de altura. A estrutura é impressionante: começa do lado direito, por uma pequena elevação, que decai um pouco passados alguns metros, perpendicularmente face ao nosso olhar; depois volta a subir novamente, faz uma viragem à direita quando já está à esquerda do nosso olhar, e continua ininterruptamente até mesmo lá em cima, ao topo, quase a perder de vista.

A maior parte dos aventureiros começa exactamente pelo lado direito, apanhando uma cumeada que percorre todo aquele trajecto. Gibson não considera essa estratégia avisada: segundo ele, são muitos os que, depois de fazer a pequena descida após a primeira elevação, desmoralizam quando vêem a segunda subida, bem mais longa e íngreme. Para evitar este problema, seguimo-lo pelo vale até chegar perto ao local onde a duna atinge o ponto mais baixo, após a primeira elevação. Aí, subimos a face da duna, a parte mais dura de todo o processo, até atingir a cumeada. A partir daí, não tem nada que saber, é sempre a subir. Uma vez chegado ao cume, é preciso fazer alguma ginástica para alcançar os melhores locais, contornado os restantes que ali apreciam a vista e aproveitam o ar mais fresco e a brisa ligeira.

A parte mais curiosa é a descida. Vemos o Gibson sair disparado pela face da duna até chegar ao vale. Resolvemos lançar-nos também com velocidade. Os pés enterram-se na areia áspera, que evita que percamos o balanço e caiamos a face inclinada. Com o movimento, os pés soltam um som grave, que já havíamos ouvido no topo da duna, mas que não percebíamos donde vinha. Quase apetece fazer o esforço de subir novamente para repetir a descida. Uma vez no vale, descalçamo-nos e sacudidos violentamente os ténis para tirar os quilos de areia. Semanas depois, já em Lisboa, ainda descobri areia nos ténis.

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