quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Basta chegar ali à marginal e esticar o braço, aparece logo alguém.

A alternativa seria apanhar um táxi, que é consideravelmente mais caro: uma mota andará pelas quarenta dobras, um táxi umas duzentas e cinquenta. E ir a pé é uma alternativa pouco apetecível, ainda é um pouco longe. Já tinha ido ao forte de São Sebastião durante o dia, não me apetecia fazer os três quilómetros e tal da guesthouse ao restaurante. Para além de quê, segundo me tinham avisado, não é fácil dar com o local.

Meu dito meu feito: seguindo o conselho do proprietário da guesthouse, levantei o braço quando vi a primeira moto que, no entanto, não ligou nenhuma. Virei-me novamente para frente e ia continuar a caminhar pelo passeio quando, uma outra moto apareceu sem que percebesse donde. Digo-lhe
Para a Dona Tété
Responde-me que sim quando esperava que me dissesse um preço. Provoco a resposta e não mostro a minha cara de contentamento quando me diz que são vinte dobras. Salto para o banco de trás e, com o estômago ainda cheio de chocolate da prova que tinha feito, ao final da tarde, na fábrica de Claudio Corallo, tento esconder a minha outra cara, a de quem não gosta de motos.

O percurso, se não é exactamente igual ao que me mostraram no mapa, é muito parecido. E, como me tinha dito o proprietário da guesthouse, a certa altura saímos da estrada e andamos num carreiro de terra, atravessamos um pequeno curso de água e seguimos por outro caminho meio obscuro. Confirma-se: sem ajuda, iria ser um desafio dar com o local.

Ainda é cedo e, lá dentro estão poucas pessoas. Algumas das quais, seguindo uma tendência que se verifica abundantemente por estas paragens, são caras que já vi: um dos grupos esteve, poucas horas antes, na tal degustação de chocolate na qual a filha de Claudio Corallo nos explica a particularidade do cacau que não é amargo. Sento-me numa mesa pequena, no jardim, peço o cherne grelhado e, de entrada, um petisco de búzios.

Tudo somado, o farto repasto deixa-me algo empertigado. E, ao percorrer os caminhos de terra que levam de regresso à estrada principal, apontando a lanterna do telemóvel para ver onde ponho os pés, ocorre-me que o ideal seria caminhar um pouco para ajudar o meu estômago a processar a quantidade obscena de comida. Pouco a pouco, faço os tais 3 e tal quilómetros, passando pelas avenidas largas, pelo palácio presidencial e pela igreja, pelo Instituto Camões, pelo mercado, agora às moscas, mas igualmente sujo. Recuso uma ou outra oferta de transporte das poucas motos que se oferecem.

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