segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Os 60 Grand Slams

A grande (única?) questão devia ser só quem termina com o melhor palmarés. Em si, a questão não é, neste momento, fácil de responder. A métrica que costumava servir para qualquer desempate teima em mostrar um empate redondo: três jogadores com 20 títulos de Grand Slam cada um. Na senda de arranjar uma tira-teimas, há quem olhe para vitórias nos torneios que se seguem na hierarquia (Masters 1000 e a respectiva final), bem como para o confronto directo. Em ambos os critérios, Djokovic sairia por cima: no primeiro, está tangencialmente à frente de Nadal (mais uma vitória) e claramente à frente de Federer (mais nove vitórias); no segundo critério, é o único que tem frente-a-frente favorável face aos outros dois (Nadal tem face a Federer e o suíço tem desfavorável face aos dois). 

Donde uma vitória adicional num Grand Slam poderia ser o ponto final na discussão de quem é o tenista com melhor percurso. Não aconteceu o ano passado, na final do US Open, na qual Djokovic perdeu o controle emocional e nem mesmo ele, Houdini que consegue evadir-se das situações mais complicadas no court, mostrou um indício de ser capaz de dar a volta a um marcador que lhe foi sempre desfavorável. Já para não falar do episódio do US Open de 2020, de uma da bola atirada num rasgo de frustração e que veio a atingir um juiz de linha na cara. E que, claro, não obstante não ter sido intencional, acabou com a imediata desqualificação (como não podia deixar de ser). 

É é assim que chegamos ao início da época de 2022. Uma nova (e, já sabemos, desperdiçada) hipótese de ultrapassar Nadal e Federer voltava a presentear-se, desta feita no court onde foi mais bem sucedido: nove vitórias em Melbourne, quase metade de todos os Grand Slams. Resta saber as implicações adicionais que a decisão das autoridades australianas poderá vir a ter, designadamente, se a deportação implica que Nole não poderá entrar na Austrália nos próximos três anos. E, claro, quais as regras que outros países e torneios terão em vigor: para já, França e Roland Garros parecem vir a exigir também a vacinação dos atletas.  

Como entusiasta de ténis - e sem, de maneira nenhuma, querer desculpabilizá-lo -, é uma pena não poder ver o sérvio jogar nesta edição do Open da Austrália e gostaria que não fosse afastado de mais nenhum torneio. Mas é só mesmo nessa qualidade. 


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