quarta-feira, 6 de junho de 2018

Todo o templo do mundo

Um bilhete combinado dá acesso a uma meia dúzia de palácios e uma ou outra atracção, de nomes muito parecidos e impossíveis de memorizar, e por um preço bastante razoável.

Logo ao início do dia, assistimos ao render da guarda. Primeiro entra uma fileira que se ocupa da música. Umas flautas de sons agudos, tambores e metais que se conjugam de forma estranha. Param e dão lugar à entrada de uma segunda fileira, com vários porta-estandarte. Estão trajados de forma curiosa, cheios de cores garridas, fazem lembrar a guarda suíça do Vaticano, que parece ter mais de pitoresco que outra coisa. O mais graduado, que se vira para os restantes e grita ordens que são executadas mecanicamente, tem uma pena de pavão no chapéu, uma marca da hierarquia. Depois de algumas instruções debitadas em tom grave e solene, as fileiras saem por ordem contrária à de entrada – first in last out –, ouvimos novamente a mesma música algo desconcertante.

Findo o ritual, seguimos a mole de turistas que se dirige aos terrenos do palácio, qual horda de invasores. As estruturas são relativamente semelhantes e, apesar de tantos palácios e templos diferentes, a variedade não é muita. Uma vez mais, edifícios rectangulares, com tectos coloridos, um letreiro a meio. O interior é, normalmente, sóbrio, com um chão de madeira escura e minimalista. Quando existem, as divisões são demarcadas com biombos ou portas de correr. Nos templos, os interiores são mais preenchidos, com estátuas e outros elementos. As estruturas vão-se sucedendo umas a seguir às outras, por vezes diminuindo de dimensão e importância à medida que nos afastamos da entrada do complexo, numa espécie de matrioska aplicada a este tipo de construções.

Nos jardins, vemos grupos de vários elementos do sexo feminino ou casais vestidos a rigor, com trajes típicos. Em alguns casos, posam para fotografias: ora posa ela e tira ele, ora posa ele e tira ela. Elas posam sentadas, com as pernas cruzadas ao lado do tronco, aos mãos no regaço; eles de pé, mãos atrás das costas e peito feito, numa pose quase militar. Às vezes ensaiam outras possibilidades, como ligeiramente debruçados a cheirar uma flor que puxam ligeiramente na sua direcção com uma das mãos, e sem deixar de manter o contacto visual com a câmara.

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