segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Poça

A propósito de ler a Mónica Marques. A praia da Poça tem o mesmo efeito que o recreio da minha escola primária quando o visitei há uma meia dúzia de anos. Pequeno, pequeno. E, no entanto, naquela altura parecia que tudo cabia ali. Tudo de importante, pelo menos: os amigos, as brincadeiras, o tempo longe das carteiras de tampo inclinado das salas de aula de crucifixo por cima do quadro de giz.

Há anos que não ponho os pés sequer na areia da Poça. Passo de vez em quando lá mas não me atrevo a ir para lá do paredão. Continua a ter a mesma configuração, a mesma rampa do lado esquerdo de quem olha para a água, a rocha a que chamavam a formiga, perto da qual costumavam estar os surfistas porque era aí que se formavam as ondas. E que ondas, vaguitas de alguns centímetros, típicas das praias da Linha. Só nas marés vivas ganhavam tamanho minimamente respeitável.

Ao contrário da Mónica, nunca quis ter nada um desses tipos vestidos de borracha preta e como uma tábua de engomar debaixo do braço. Mas fartei-me de passar horas dentro daquela água que agora me parece suja e desapropriada. Até ficar com os dedos engelhados e roxos, até a minha mãe, avó, avô me vir arrancar com dois berros para a areia.

Tive uma prancha de esferovite que acabou partida ao meio. Cheguei a ter uma prancha de bodyboard comprada no Jumbo de Cascais. Era um bocado melhor que a primeira: dobrou ao meio, um vinco enorme de uma ponta à outra, mas nunca partiu.
A Poça acabou. E não deve ter sido só para mim. Tem muito menos gente nos verões de agora do que naqueles. Em comparação, o paredão está melhor. Arranjado, sem irregularidades, uns aparelhos para os desportistas complementarem a corrida com flexões, abdominais, alongamentos.

E bancos para gajos como eu que não chegam a pisar a areia.

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