quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A carrinha do ryokan apanha-nos no centro da pequena (e pouco relevante) cidade de Himeji

Leva-no ao longo de alguns quilómetros pelos arrabaldes até chegarmos ao local. Descalçamos os sapatos assim que entramos e só os voltaremos a ver passado um dia, no momento da nossa partida. O processo de check in é um pouco diferente do de um hotel tradicional. A senhora de sorriso rasgado mostra-nos as áreas, interior e exterior, de banhos termais, os onsen, e depois leva-nos ao nosso quarto. Assim que se entra, à esquerda, a casa-de-banho (sem duche) e, em frente, uma porta de correr que abre para um espaço minimalista: uma esteira sob a qual está uma mesa e umas almofadas para sentar, alguns quadros e figuras na parede. Serve-nos um pouco de chá usando a água de uma chaleira eléctrica e passa à parte de nos mostrar pedaços de papel plastificados com algumas indicações e instruções. Mostra-nos também onde estão os nossos trajes e as toalhas que devemos usar para ir aos banhos. Assim que sai, iniciamos o complicado processo de colocar os trajes e acertar com a forma correcta de atar os cinturões à cintura. É necessária alguma luta até nos sentirmos em condições para sair para o corredor e fazer caminho até ao balneário onde nos preparamos para o ritual do banho.

Depois do banho e de uma pequena sesta no chão de esteira do quarto, um pequeno toque na porta do quarto. A senhora e o seu sorriso rasgado vêm buscar-nos para jantar. Descemos um piso e entramos na sala de jantar, uma divisória grande onde se encontram uma série de pequenas subdivisões com as mesmas portas de correr do quarto. Somos encaminhados para a nossa onde, uma mesa também ela ao nível do chão nos aguarda, desta vez com a simpática característica de ter um desnível onde podemos colocar confortavelmente as pernas depois de nos sentarmos no chão que, nestas circunstâncias, passa a parecer um normal banco. A mesa está repleta de pequenos pratos e tijelas com comida que temos dificuldade em identificar. A senhora, sempre com o mesmo sorriso rasgado, dá-nos instruções em relação aos pratos, o que nos permite perceber, mais coisa menos coisa, com que molho ou acompanhamento vai cada um deles. E sai para regressar passado com pouco, com ainda mais pratos, que põe à nossa frente depois de retirar os vazios. Perdi a conta ao número de vezes deste vai e vem, sempre com mais pratos, sempre com o mesmo sorriso, sempre com as mesmas explicações na língua que não percebemos mas com os gestos que nos permitem ir acompanhando. A seguir ao jantar, quando regressamos ao quarto, a mesa foi retirado do centro que é agora ocupado por dois colchões, lençóis e cobertas. No pequeno-almoço da manhã seguinte, o mesmo processo do jantar, incluindo uma diversidade substancial de comida.

O hotel onde ficamos no dia seguinte tem cacifos à entrada para de imediato tirarmos os sapatos e aí os colocarmos, e calçarmos uns chinelos que nos são cedidos. Depois subimos até ao topo, ao último andar, onde ficam os cacifos apertados onde lutamos para enfiar a mala, as casas-de-banho e os chuveiros. Depois descemos um andar para a zona onde se dorme. O corredor é longo, pouco iluminado, com os números escritos no chão, setas a apontar para a entrada. Parecem favos de uma colmeia. Descubro o meu número, e entro na minha cápsula, uma das de baixo. Lá dentro um colchão suave, um edredon fino e uma almofada. Fecho a cortina da entrada, que protege da ténue luz e do (pouco) movimento dos outros hóspedes que passam à procura das respectivas camas. À pergunta óbvia que surge sempre respondo que não, não é claustrofóbico. Pelo menos para mim, que não sou de todo um fã de espaços apertados, não me incomodou minimamente. Aliás, posso até garantir que foi uma noite bem passada.

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