domingo, 26 de junho de 2016

O funcionário do hotel pede-nos desculpa

It’s been a long day
Está visivelmente cansado.
Only two more hours to go
Diz-nos com quanto contentamento consegue reunir. Enquanto trata das nossas coisas, fala com outra funcionária em russo. Estranho de início. Pouco depois entranho e percebo. O hotel está cheio de russos, há inúmeras indicações em cirílico, possivelmente atestando a origem russa de uma proporção da população.
Mudamos de roupa rápido, o dia está a acabar e estamos mortos por experimentar a afamada água do mar morto (piada não intencional). A praia privada do hotel já fechou, resta-nos a pública ou comum que não tem espreguiçadeiras nem nadador-salvador
At your own risk
Tinha-nos dito o moço cansado, fluente em russo, como se fosse fisicamente possível alguém afogar-se naquela água quente e que constantemente nos impele para a superfície, como se nos expulsasse, como se fossemos uns visitantes indesejados. É difícil manter os pés para baixo, no fundo mas, ainda assim, sinalizações com
Danger of drowing (em hebraico, árabe, inglês e, adivinharam, russo).
As restantes indicações advertem para não mergulhar e não deixar a água entrar em contacto com os olhos, não ingerir.
(Este que vos escreve – e apesar das precauções – não evitou as duas e confirma que arde imenso nos lábios e olhos.)
Olhando em redor, sinto que estamos deslocados em faixa etária: somos dos mais novos. O mar morto é um destino para quem sofre de maleitas, para quem procura o alívio daquela água salgada com propriedades medicinais, da lama e dos spas com jacuzzi e massagens. É divertida a sensação de ser uma boia mas não poder mergulhar na água é uma limitação que não se espera de um mar. Ou é para quem precisa verdadeiramente de papas e descanso, ou então rapidamente se esgota na piada do primeiro mergulho. No limite, vale mais pela paisagem de cortar a respiração.
Rumamos mais a sul.

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