segunda-feira, 13 de junho de 2016

Deu-nos um envelope, uma folha e uma caneta.

Pediu-nos para escrever o nosso nome e morada no lugar do destinatário. E depois pediu-nos para escrevermos a nós próprios. Prometeu-nos que iríamos receber aquela carta, sem aviso, algures no intervalo de um ano. A ideia era interessante e gira - tornou-se menos quando percebi que era decalcada, como quase tudo, de um livro. Rapidamente escrevi umas linhas que me pareceram adequadas, até inspiradas, e fiquei à espera que os outros acabassem, dobrados sobre o chão que usámos como mesa.

Passados cinco, seis meses, aí estava o envelope na caixa do correio. Inesperado. Mas a reacção já era esperada. No decurso desses cinco, seis meses, lembrei-me do exercício e da carta cuja chegada seria iminente. E lembrei-me, em traços gerais, do que tinha escrito. Percebi que não ia gostar. Demasiado banal, pouco pensado e reflectido. Claro que um aviso prévio de que nos iria ser pedido que escrevêssemos naquela folha branca tiraria o sentido ao exercício. O elemento da surpresa é fundamental. Mas, sobretudo, fez-me perceber que não me percebia. Ou não me percebi naquele momento. E que teria sido (é?) útil perder (?) algum tempo a pensar no que escrever-me.

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