domingo, 21 de dezembro de 2014

You name it

Gozamos (criticamos?) com os americanos pela falta de originalidade nos nomes das cidades. Que os EUA repetiram a fórmula de Paris já o sabemos, culpa de Wim Wenders. Embora tenha avisado apenas em relação ao Texas, deixou de fora as restantes Paris do Kentucky, o Tennessee e o Illinois. E tantas outras fórmulas repetidas, como London e até a nossa Lisboa versão Lisbon.

Mas tentemos colocar-nos no lugar dos responsáveis por este estado das coisas. Há uns quantos séculos atrás, depois de uma viagem transatlântica num barco – que deveria conseguir a proeza de ser bastante mais desconfortável que voar em turística durante umas oito horas – os descobridores e/ou colonos chegavam a um sítio totalmente desconhecido e tinham que desencantar um nome para o local.

É claro que nem todos conseguiram grandes feitos: tirar coelhos da cartola não é suficiente para descrever este processo. Há algumas técnicas para lidar com o assunto. A primeira, e eventualmente preferível, seria conseguir inventar qualquer coisa completamente nova. Mas é tramado conseguir tal façanha e não podemos mandar a primeira pedra ao colono que falhe a tentar.

Outro refúgio é emprestar uma designação dos nativos americanos. Esta prática foi posta em prática com algum sucesso aqui e ali: Massachusetts, que tanta inspiração acabou por dar aos Bee Gees, mas também Manhattan ou o Hawai, ou ainda Malibu e o rio Potomac. Outro ainda é associar o local a uma determinada data: a Ilha da Páscoa e o Rio de Janeiro.

Quando nada disto funciona, lá está, temos que recorrer à pátria mãe e, de repente, entramos nos casos que referia há pouco. Claro que podemos fazer ligeiras adaptações, como Nova Iorque, Nova Jérsia e Nova Orleães, é só acrescentar o adjectivo no início.

Importante é que tudo isto não é específico dos EUA: veja-se a quantidade de Córdobas que existem por essa América Latina fora ou a Austrália de New South Wales e Newcastle. E quando nem a pátria mãe nos salva (ou então apenas porque temos um ego), nada como designar o local com o nosso próprio nome. Do rio Hudson ao estreito de Magalhães, quiçá o exemplo máximo de todos – e útil para fechar o círculo – seja a própria América.

Sem comentários:

Enviar um comentário