domingo, 27 de dezembro de 2009

Trapos de língua #18

As línguas germânicas têm um conjunto mais vasto de significados que os das línguas latinas. Talvez seja esta a característica que torna o inglês numa língua tão prática. Vamos a exemplos. A junção do “over” com o “sleep” na palavra inglesa “oversleep” resulta num significado que não possuímos em português: “deixei-me dormir” será, talvez, a expressão que mais usamos para estes casos, mas é algo que também pode ser dito na simples situação em que nos deixamos dormir. O “outplay” é fabuloso. Numa palavra, explicamos que dado jogador (ou equipa) jogou mais ou melhor que o adversário. Muitas vezes o “outplay” acaba em “outclass”: quando o tal jogador “outplay” em demasia o adversário e ganha com uma margem confortável, então entramos no campo do “outclass”. Outro que me apraz muito é o “clockwise”, que numa palavra arruma a um canto a expressão “no sentido dos ponteiros do relógio”. O “verpassen” alemão é interessante. Nós dizemos “perder o autocarro” o que pode ser estranho porque dá a entender que o autocarro, propriedade nossa, desapareceu do nosso alcance, não sabemos onde o pusemos. Lá está, os alemães têm esta palavra que traduz o verdadeiro significado de chegar demasiado tarde à paragem, depois de o transporte já ter passado.

Normalmente associa-se a elegância às línguas que soam bem, como italiano ou francês. Pois eu acho que esta lógica, esta maleabilidade e adaptabilidade das línguas germânicas é uma demonstração de elegância à prova de bala.

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