domingo, 20 de dezembro de 2009

Girafa fantasma

Martin não se sentava nos bancos. Tinha um lugar só dele, num estrado de metal que separa a zona do condutor e do pendura do resto do veículo. Mas também tinha outro: no tejadilho, mesmo à frente, neste caso, por cima do condutor. E foi assim que acabámos fora da cabine, no topo do veículo, ao final do dia, uma perspectiva inesperada, com o sol a desaparecer. Sempre muito devagar, os solavancos seriam insuportáveis com o rabo de encontro ao metal rijo.

As fortes chuvadas fizeram o dia pouco promissor para avistar os bichos. De repente, ao fundo, algumas girafas. Curiosas, estacam a olhar para nós, animal ou objecto estranho. Aproximamo-nos. Mas não muito, não queremos vê-las, assustadas, a virar costas e desatar a correr daquela forma escangalhada e desengonçada como correm. Àquela distância, o flash engana a máquina e a bicha de pescoço comprido sai com este aspecto para o visor:



Mostro ao Martin que, tal como as girafas corredoras, se escangalha, aqui a rir, com os seus dentes branquíssimos. Quando recupera a fala, diz-me:

“It looks like a ghost!”.

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