quinta-feira, 20 de agosto de 2009

E, no entanto, reconheceste-me logo. Sempre foi um bom rapaz. Agarro-te a mão assim que entro no quarto, de imediato. Lutas com a correia que te segura, prende, amarra. Para que não te aleijes. Agarro-te logo. Para tentar que esqueças por um pouco a correia. Que te segura, prende, amarra. Eu agora levantava-me. Tira-me isto. Mas depois devolves a firmeza com que agarrei a palma da mão esquerda, devolves no meu punho. E não largas. Sempre foi um bom rapaz. A balbuciar, tartamudear, o meu nome pelo meio. Misturado com uma série de outras coisas. Confusas, dispersas, ilógicas. Que não têm nada a ver. Não entendo tudo, não consigo perceber. Tira-me isto. E não adianta perguntar, pedir para repetir. Só quero que esqueças a correia. Que acalmes. E consigo. Consegui que esquecesses a correia. A luta para retirar a correia que te prende, amarra, segura. Momentaneamente adiada. E é então. Naquele momento. Em que não pensas na correia. Que puxas a minha mão na direcção dos teus lábios.

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