domingo, 10 de maio de 2020

As escadas de metal estão perto do canto esquerdo da varanda.

Há uma pequena parte da barreira metálica, que separa a varanda do vazio, que abre como uma pequena portinhola, para um patamar metálico, a partir do qual estão os degraus que levam, passando pelas varandas dos restantes andares até ao chão. Uma estrutura metálica redonda acompanha os degraus, como que fechando quem sobe ou desce dentro de um casulo, desta forma evitando que possa cair de costas.

Pela porta de vidro que dá para a varanda, vejo subitamente alguém: uma miúda, talvez dos seus vinte anos, acabada de trepar escadas acima, ficou imobilizada no pequeno patamar metálico assim que me viu encolher as mãos e levantar os braços, perante a invasão inusitada. Abro a porta e, ironicamente, digo-lhe
Hi
Como se fosse normal cumprimentar cordialmente quem invade a casa alheia. Ficou manifestamente incomodada, desfez-se em desculpas
I just wanted to see what was up here.
que me soa verdadeiramente parvo como justificação. Respondo
My flat.
afirmação dificilmente refutável e com a vantagem de trazer, implicitamente acoplada, a exclamação Clooneana "what else...?". Ela desculpa-se novamente enquanto inicia o processo de descida. Digo-lhe
That's ok
Que é como quem diz, aceito a desculpa, mas não me andes para aí a subir às varandas dos outros.

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