terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

A sabedoria popular é, normalmente, inequívoca.

Não deixa grande margem para dúvidas. Não há, tanto quanto sei, um equivalente a "deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer" que admita a possibilidade de que deitar tarde e acordar tarde possa ser salutar. "Quem ri por último ri (de facto) melhor". E "não adianta (mesmo) chorar sobre leite derramado". Em alguns casos, até há mais do que um provérbio para vincar a mesma ideia. Por exemplo, "quem anda à chuva molha-se" e "quem brinca com o fogo queima-se" (ou molha a cama).

Mas há também os casos estranhos de provérbios que se contradizem: "quem espera sempre alcança" vs "quem espera desespera" e "quem não chora não mama" vs "ovelha que berra, bocado que perde".

Associo-me à indecisão destes dois exemplos; não sou dos que questionam em que é nos ficamos. Quantas vezes é preciso saber esperar pelo momento correcto mas quantas vezes a espera é infrutífera porque o momento nunca vem. E quantas vezes é preciso fazer barulho e partir para a guerra e quantas vezes o tiro sai pela culatra e a emenda é pior que o soneto.

Conseguir equilibrar e atingir a proporção exacta dos dois é a grande dificuldade.

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