segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Do outro lado do rio da Prata

Chegamos ao check in do ferry ensopados. Começou a chover em Buenos Aires depois do tempo solarengo e quente dos últimos dias. A primeira paragem é na pequena Colónia Sacramento, que vemos em passo acelerado para fugir à chuva que teima em não parar.

Dali apanhamos um autocarro para Montevideo. Três horas para 160 quilómetros. Não devido a estradas em más condições, mas porque o autocarro para em tudo o que é lugarejo. Fazemos o caminho do terminal de autocarros até ao nosso hotel a pé e de imediato começamos a ficar com um pé atrás em relação à cidade. Há uma certa decadência, visível nos edifícios velhos e cinzentos, no aspecto sujo das ruas. Depois de deixarmos as coisas no quarto, descemos a avenida principal até praça no início da cidade velha. No meio de edifícios históricos, alguns de funções públicas, erguem-se igualmente autênticos mamarrachos, velhos, feios, sujos.

No dia seguinte tentamos um programa alternativo. Andamos quilómetros. Desde o hotel perto da Avenida 18 de Julho, atravessamos a Punta Carretas até chegar à praia dos Pocitos. A orla costeira faz lembrar o calçadão carioca, numa lembrança de quem nunca o viu ao vivo e a cores. Mas com algumas diferenças. Desde logo a cor da água, pouco convidativa. Convém relembrar que não se trata propriamente de mar, mas sim do estuário do Rio da Prata, que pode ganhar uns tons mais acastanhados em função das correntes. E depois, uma vez mais, os prédios que envolvem aquela pequena enseada. Velhos, sujos, feios. A praia continua a fazer lembrar Copacabana mas numa mistura com a Calçada de Carriche.

Ainda assim, numa tentativa de moderar a minha opinião, admito que seja possível que Montevideo sofra pela proximidade a Buenos Aires. É difícil competir com a capital da Argentina, uma cidade atraente, fervilhante que certamente colocaria em segundo plano muitas outras cidades que, à partida, nos parecem interessantes. É possível. Mas atrevo-me a dizer que nem tudo é atribuível à proximidade à forte concorrente.

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