segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A décima terceira

A senhora das castanhas usa uns óculos grossos e, ainda assim, olha-me franzida como quem tem dificuldade em visualizar. Peço-lhe uma dúzia, ela responde-me sim senhor e começa a despejar as castanhas, mantidas quentes numa gaveta de metal, dentro de um saquinho de papel, daqueles que a ASAE obrigou em substituição das folhas de jornal. Quando acaba, estende a mão para me entregar o saquinho cheio e diz-me o que me pareceu ser treze. Entrego-lhe a moeda e desta vez fico mesmo intrigado porque já na vez anterior - sou cliente habitual - me pareceu ouvir o mesmo e resolvi concluir que se teria tratado de um mau entendimento meu. Chego a casa e conto o conteúdo: são efectivamente treze. Problemas com a definição de dúzia? Pouco plausível, é um conceito simples e de vasta utilização, então para quem vende castanhas. Um bónus motivado pela concorrência próxima do senhor que vende do outro lado da rua? Se sim, confesso que aprecio. Mas aqui fica a advertência para um perfil de cliente que poderá não nutrir o mesmo respeito pela décima terceira castanha: os supersticiosos.

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