quarta-feira, 22 de julho de 2015

Ser-se romano

«(...) mas é um tipo que faz a única coisa inteligente que se pode fazer para justificar o facto de viver na América: joga na bolsa. Passar as manhãs na sede local da Merryl Linch, Fenner, Pierce and Smith, a seguir na fita as contratações do Stock Exchange de New York, as variações no placards electrónicos, a estudar o momento certo para vender e para comprar, com o telex na sala a estender as últimas notícias sobre as quais se pode orientar as nossas operações, a acompanhar a vida de todas as grandes empresas americanas, a ler o Wall Street journal assim que chega, este é o único modo de não viver passivamente a vida de um grande país capitalista, é no fundo a verdadeira instância democrática da América, porque embora não dê nenhuma possibilidade de ter influência, senão no andamento do mercado especulativo, contudo mantém-nos imersos no mecanismo na sua parte mais avançada e activa, e exige uma atenção constante - neste país de interesses assustadoramente locais e provincianos - ao conjunto do sistema.»

Um eremita em Paris, Italo Calvino

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