segunda-feira, 10 de março de 2014

Anleitungen

Explica a um amigo comum como costuma escrever textos. Tem o método perfeitamente estruturado, escalpelizado na cabeça, um processo de quatro fases (acho que eram quatro). Acrescenta
O Daniel também deve saber
E eu quase não digo nada senão
Depende
mas não preciso concretizar porque de seguida começa a descrevê-los sucintamente e a conversa segue para outro rumo.
E eu fico a pensar como não tenho processo. Ou melhor, tenho mas são tão distintos.

Há uns que começam só por ter a primeira frase. E depois vão prosseguindo, ganhando estrutura à medida que são escritos, ganhando vida à medida que me explicam qual é a estrutura que devem ter. Há outros que começam pela punchline e aí é preciso andar para trás, é preciso mostrar ao texto qual a estrutura que ele deve ter, como é que deve crescer. É quase como reverse engineering, por forma a chegar ao início que dá origem àquele final que queremos.

Há uns que saem bem, perfeitos, em cinco minutos e que quanto mais tempo se perde com eles pior é: quanto menos intervenção, melhor. E outros que levam anos (décadas!) a ser escritos: de cada vez que se abre o ficheiro acrescenta-se qualquer coisa, por muito pequena que seja, e mesmo assim não chega, e mesmo assim não é ainda aquilo.
Método? Não, métodos. Por exemplo, este texto é daqueles que tinha início e não tinha fim e que não saiu bem à primeira, precisou de alguns dias.

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