terça-feira, 5 de julho de 2011

Chapter I

À medida que vamos percorrendo os corredores de alcatifa clara e feia, senhoras e senhores com idade para serem meus avós, com coletes vermelhos e camisa branca, gravatinha pequenina à série televisiva Dallas e chapéu de cowboy, vão passando em carrinhos de golfe. Dizem o “welcome to Calgary” da praxe e indicam-nos o já de si óbvio caminho em direcção à alfândega e, claro, a saída do aeroporto. Respondo às perguntas do “what is the purpose of your stay” e “how long are you staying” e, em troca, recebo um carimbo.

Como a maioria das cidades do Canadá, Calgary nasceu com o progresso da linha do comboio de este para oeste. Teve outro ímpeto, em anos idos, que foi a corrida do ouro. Depois o ouro escureceu e o desenvolvimento da cidade passou a vir a reboque da corrida ao ouro negro. O petróleo é hoje em dia a seiva que corre nas veias da cidade: as torres que rasgam o céu são maioritariamente dos escritórios das empresas exploradoras de recursos naturais e de instituições financeiras atraídas pelo mesmo negócio. O subsolo é a razão de ser não só da cidade mas do próprio estado de Alberta e que o torna no estado mais rico do país e com os impostos mais baixos.

Mas os marcos e os traços do provincianismo continuam muito visíveis, do aspecto das pessoas às carrinhas e pickups de quem trabalha no campo e precisa de um veículo de trabalho adaptado. Assim como o símbolo do cowboy está bem vivo. A Calgary Stampede é uma festa que se realiza todos os anos e que, tirado por miúdos, é basicamente um rodeo. Corridas de cavalos e carroças, tipos a tentar sentar o rabinho no lombo do touro o máximo de tempo possível e animações deste género aparentemente geram o interesse a muita gente que se desloca de longe para vir a este festival que dura cerca de uma semana.

Vinte dólares dão acesso ao elevador que leva ao alto da Calgary Tower, uma daquelas torres que todas estas cidades parecem desesperadamente precisar mais que não seja para levar os tais vinte dólares por cabeça ao incauto turista. Lá de cima, ao fundo, para lá do alto das torres dos escritórios, vislumbram-se os cumes de neves eternas das Montanhas Rochosas. É para lá que o autocarro se dirige no dia seguinte.

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