sexta-feira, 1 de maio de 2009

O que me irrita nesta treta da gripe dos porcos:

1. Todos nós vamos ser vítimas de inúmeras gripes no decurso da nossa vida, é praticamente um dado adquirido. A maioria de nós também não vai sofrer rigorosamente nada de sério em consequência de uma gripe. Tirando dores de cabeça e garganta e muito lenço sujo.

2. No entanto, o número pessoas que morrem de complicações causadas por gripes banais (leia-se, sem nenhum animal associado) não é assim tão irrisório quanto isso. A incidência em grupos de risco como os idosos não é negligenciável. Grupos esses que, por essa razão, devem fazer a vacinação no início do Outono de cada ano para minorar os efeitos. A diferença das gripes banais face àquelas que têm um animal é que o número de mortos nunca chega aos títulos dos jornais.

3. O facto de que centenas de pessoas perderam a vida no México não significa que esta gripe seja mais agressiva que qualquer outra estirpe que surge quando vem o tempo frio e sem nenhum porco ou frango associado. Infelizmente, é capaz de dizer mais em relação à qualidade – ou seja, à falta dela – do acesso a cuidados médicos de qualidade e mesmo da própria qualidade de vida das pessoas da Cidade do México: elevados índices de pobreza, bairros de lata, baixa qualificação e acesso a informação. Já para não falar no efeito de escala: os gajos são para cima de 23 milhões.

4. Agora, uma coisa é certa. Este tipo de gripes dão um jeitão a quem tenha Tamiflus e coisas do género para vender. Até as próprias máscaras que andam para aí a distribuir. Basta arranjar um animal qualquer, espalhar a palavra e a histeria colectiva e escoar o produto para as farmácias.

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