sábado, 17 de agosto de 2019

Costuma estar à boca do metro do Saldanha.

Sentado numa cadeira sem costas, um apoio para o pé esquerdo, toca uma guitarra acústica amplificada, virado para o patamar onde desembocam as escadas. À frente, no chão, está o saco da guitarra, que é utilizado para recolher as moedas que alguns transeuntes vão deixando. De manhã, para apanhar a hora de ponta. E em qualquer altura do ano. No inverno, por vezes usa luvas com os dedos cortados, faz-me confusão como consegue tocar com o frio.

O repertório é variado, já lhe ouvi tocar um pouco de tudo. Vai desde os temas clássicos para guitarra espanhola (uma vez pareceu-me ouvir o concerto de Aranjuez), até ao (incontornável?) Romance, banda sonora do filme Jeux Interdits, passando por uma versão do Yesterday dos Beatles.

Os músicos de rua costumam escolher locais onde as pessoas possam parar para os ver e ouvir. Mesmo os que tocam no interior do túnel do metro, por vezes, acabam envoltos num semicírculo de melómanos. Mas nunca à boca do metro Saldanha: ninguém ali pára para o ouvir tocar. Passam por ele como eu, que ouço um pouco enquanto me aproximo e, depois, me afasto. Mesmo a pequena fracção que abranda ligeiramente para lhe deixar uma moeda - e, às vezes, até mesmo para dizer bom dia - no saco da guitarra não chega a parar.

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