quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O centro como terreno fértil de vitórias é algo a que nos habituámos.

Ainda agora quando temos, pela primeira vez, uma solução governativa que envolve os partidos mais à esquerda do espectro, o PS reafirma o seu europeísmo e a convicção de cumprimento dos compromissos europeus. Ou seja, sente necessidade de reforçar as características que o colocam mais à direita da esquerda. Isto, ao mesmo tempo que o nosso Presidente eleito, após inúmeras piscadelas ao centro e tentativas de distanciamento do anterior governo, se autodenomina como a esquerda da direita.

Os EUA, curiosamente, parecem passar por um processo diferente. Os candidatos republicanos são do menos moderado que se tem visto, das posições relativas à imigração e ao porte de armas até à negação da existência de alterações climáticas. Do lado democrata, Bernie Sanders é um candidato às primárias bastante à esquerda para o panorama americano: defende, por exemplo, educação e saúde gratuitas para todos e impostos sobre a banca, num discurso marcadamente anti-Wall Street. E está a bater-se com Hillary Clinton com uma proximidade um pouco inesperada.

Há umas semanas atrás, diria que achava pouco provável que Trump conseguisse a nomeação pelos republicanos. Entretanto, a vantagem que forjou e que leva para a Super Tuesday - bem como a desistência de Jeb Bush, que lhe poderia custar votos na Flórida, um dos estados mais importantes pela sua dimensão - fazem-me pensar um pouco mais.

Se efectivamente conseguir a nomeação, o candidato democrata pode ser importante para determinar o sucesso em chegar à Casa Branca. Com uma democrata mais moderada como Hillary, poderá ter uma possibilidade menor. Mas, admitindo que a batalha será contra Sanders, a polarização pode jogar a favor de Trump: mais depressa vejo americanos a votar por alguém com o discurso do magnata de Nova Iorque do que alguém que promete educação e saúde gratuitas.

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