quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mas não cai

Talvez por ser um Continente de menor dimensão, o da Defensores de Chaves costumava ter um sistema em que os clientes pesavam eles próprios a fruta e os legumes – no Colombo há um funcionário dedicado exclusivamente a essa tarefa. Recentemente, resolveram abandonar este sistema e a pesagem passou a poder ser feita nas caixas, como nalguns estabelecimentos da concorrência. Retiraram a quase totalidade das balanças. A quase totalidade, digo e repito, porque deixaram ficar uma. Uma. Da primeira vez que presenciei a alteração, reparei na bicha interminável de pessoas que refilavam enquanto esperavam para pesar o conteúdo dos sacos de plástico fininhos e transparentes: a mesma fila que dantes se dividia em três, quatro balanças diferentes, serpenteava na direcção do agora único exemplar. Disse mal à minha vida mas suspirei logo que ouvi o funcionário a avisar que o processo podia ser protelado até à caixa.

Passadas umas semanas (um mês?) deste episódio ainda há quem (e não são assim tão poucos) continue a fazer fila e a refilar enquanto espera interminavelmente pela única balança disponível (estarão lá há um mês?). É que não é só uma coisa que não entendo, são duas: (i) que ainda não tenham interiorizado que não precisam de levar a cabo o ritual da pesagem (enfim, somos criaturas de hábitos) e (ii) que a gestão daquele Continente não tenha retirado a última balança que Mohicanicamente subsiste, muito concorrida. Não que me prejudique – pelo contrário, quanto mais as pessoas à minha frente já levarem as coisas delas pesadas, menos tempo tenho que esperar para pagar porque dispensa o trabalho do caixa. E eles – que deveriam ser os principais afectados pela mudança – ainda não se habituaram, consultar desenfreadamente tabelas com códigos enfiadas em capas de plástico.

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