domingo, 23 de dezembro de 2012

Meu querido diário

Às 7h35 estava a apanhar o autocarro para o aeroporto. Às 9h e qualquer coisa estava a embarcar. Voo. Ao meu lado um casal chato que me fez levantar umas cinco vezes em 2h30 para ir à casa-de-banho. Aproximação para aterrar em Lisboa. Quando o avião se está a fazer à pista, borrega e sobe apressadamente. Ladies and gentlemen, this is your capitain speaking. Um problema qualquer de comunicação com a torre de Lisboa impossibilitou o sistema de aterragem automático necessário dado o denso nevoeiro. Mas vamos voltar a fazer uma aproximação e conta que estejamos no chão dentro de aproximadamente dez minutos. Qual quê. Nova tentativa, nova borrega. Mais abrupta que a primeira. Primeiros sinais de tensão na cara das pessoas. Olham em redor, olhos esbugalhados. Alguns tiram o cinto e estão a tentar sair do lugar com o avião ainda a subir; as hospedeiras lançam-se rapidamente sobre eles e convencem-nos a sentar. Desta vez o avião não começa a dar a volta como da primeira e quando piloto volta a dirigir-se aos passageiros confirma as minhas piores suspeitas: vamos para Faro. Aterramos em Faro às 14h (a hora de chegada prevista a Lisboa era 12h35). Toda a gente se levanta quando o avião pára perto do terminal mas por pouco tempo, as instrucções são para sentar e esperar por uma resolução. Só a casa-de-banho está disponível. Não há comida (nem houve), é uma companhia low-cost. A última coisa no meu estômago foi um cappuccino às 9h da manhã enquanto acabava de ler um livro do Saramago e esperava pelo embarque. A hipótese de ainda voar para Lisboa está de pé. E fica mais uma meia-hora até que se desfaz. Anunciam que vamos ser transportados de autocarro. Ficamos até perto das 15h30 no avião à espera. Depois fazemos emigração no terminal, esperamos pelas malas, vamos até ao autocarro onde, segundo nos foi prometido, nos seria dado algo de comer e some refreshments. Uma confusão doida e já estamos para arrancar e da comida nada. Um pequeno levantamento popular começa a ganhar forma, está tudo morto de fome. Uma senhora gorda e ameaçadora chega a dizer "tenho três filhos e não saio daqui sem lhes dar de comer". A pressão junto da senhora da Portway resulta e dez minutos depois chegam as sandochas mal amanhadas e as garrafas de água. Arrancamos. Adormeço. Acordo com o som de um programa infantil com o rato Mickey, importante para acalmar os miúdos que cantam e repetem aquilo que é dito. Não volto a dormir mais. Paramos em Aljustrel. Meia hora depois voltamos a andar. Chegamos ao aeroporto de Lisboa perto das 20h da noite, quase oito horas depois da hora prevista para aterrar em Lisboa e mais de doze depois de ter saído de casa.

Agora se calhar vou para a cama.

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