domingo, 23 de janeiro de 2011

Grey out

Há semanas que a teimosia da neve foi vencida por uma chuva escorreita. O frio progressivamente deu ares de querer voltar e hoje a manhã amanheceu com geada no chão. E a cor cinzenta. Perguntam-me do que é que eu mais sinto a falta, usam a palavra “saudade” para fazer essa pergunta porque acrescenta aquele toque aportuguesado àquilo que dizemos. Claro que posso dizer que é das pessoas. Das minhas pessoas, não das pessoas em geral. E da comida: a comida é um desses chavões enormes. E depois o tempo, obviamente. Perguntam-me pelo frio. Comparam com aquilo que deveria ser – mas não é – a ausência do mesmo na nossa terra. E não é tanto pela temperatura. É pela cor. Pelo azul do céu face ao cinzento. Pelo dourado do sol que aqui passa semanas fechado no armário. Lisboa tem uma luz inexplicável, inqualificável. E é dela que tenho as tais saudades.

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