segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Não tinha uma opinião nada original (como não costumo ter, verdade seja dita)

A minha aposta era a de tantos outros: que Djokovic iria vencer este Open dos Estados Unidos, o que lhe abriria a porta para definitivamente atingir as marcas de Nadal e Federer. 

E depois acontece um evento estranho e raro que culmina na desqualificação do sérvio, que atingiu, sem querer, uma juíza de linha, quando devolvia uma bola para trás, após o final de um ponto. O resultado não poderia ser outro, e os antecedentes são bastante claros: que o digam, por exemplo, Fernando Meligeni que, em 1999, foi desqualificado do Open do Estoril por ter acertado num espectador e David Nalbandian que foi pelo mesmo caminho no torneio de Queens de 2012, após ter dado um chuto numa placa de madeira perto da cadeira do árbitro de linha, que acabou por o mandar ao chão. 

A questão de ser voluntário ou não é de menor importância para esta sanção em concreto. Da mesma forma  que, se bater no carro que vai à minha frente, serei sempre culpado, independentemente da potencial condução errática e perigosa do outro condutor faça. A responsabilidade é mina de garantir que consigo sempre imobilizar o meu carro sem embater no da frente. Ora, qualquer jogador de ténis é responsável por não magoar ninguém - de uma acção que não resulte do próprio jogo, claro. 

A questão seguinte é a severidade da punição. Parece brutal excluir alguém por algo que é claramente não-intencional - não se trata de, voluntariamente, demorar muito tempo entre pontos, partir uma raquete ou ofender o árbitro, situações normalmente punidas com sanções de importância crescente, a partir de uma primeira advertência verbal sem nenhuma consequência material, até penalizações de um ponto, jogo, partida. Mas, verdade seja dita, mesmo involuntariamente, Djokovic pôs em risco a integridade física de uma pessoa. 

Pela positiva, fica a reacção de Djokovic que, embora tenha trocado palavras com a equipa de arbitragem e tentado contra-argumentar, nunca perdeu a compostura e, quando percebeu que não havia volta a dar, aceitou e abandonou o court. Mais, reconheceu publicamente o erro e pediu desculpas à juíza de linha. Contraponha-se esta reacção com a de Serena Williams, aquando do seu episódio na final do mesmo Open dos Estados Unidos, em 2018.

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