sábado, 7 de março de 2020

Para quem está habituado a ter a sua, a ideia de ter de usar máquinas de lavar comunais não é muito confortável:

descer até à cave do prédio, com um saco cheio de roupa, um frasco de detergente e outro de amaciador; carregar a máquina, pô-la a andar; verificar as horas para saber quando vir buscar a trouxa, regressar ao apartamento; terminado o programa, descer novamente à cave para ir buscar a mesma trouxa no mesmo saco. Já para não dizer que, por vezes, é uma espécie de devassa da privacidade.

O outro impedimento que pode perturbar o processo é a possibilidade da utilização dos outros interferir com a nossa. Ou seja, chegar à cave e verificar que as duas máquinas estão a lavar a roupa de outrem. Pior: verificar que uma das máquinas já terminou, mas o dono ainda não veio tirar a respectiva roupa e desimpedir o aparelho. Em situações deste género, os mais experientes, pura e simplesmente, retiram a roupa alheia e tratam da sua vida (estou na categoria dos inexperientes). Aliás, é frequente deixarem os sacos à boca da máquina para, no caso de atrasos, quem está a seguir poder aí depositar o resultado da lavagem e não ficar à espera.

À primeira vista, duas máquinas de lavar para um prédio de quatro andares e quatro apartamentos por piso, pode parecer pouco. Mesmo que os apartamentos sejam, na sua maioria, de utilização individual. Na prática, as vezes que a minha utilização foi restringida pela de outros perfaz a módica quantia de zero. Ou utilizo os aparelhos a contra-ciclo dos outros, ou utilizo pouco os aparelhos (descarto a última hipótese).

Excesso de capacidade instalada, foi o que este exemplo me levou a pensar. A máquina de lavar de minha casa funciona umas horas por semana. Horas. Explorar esta possibilidade é o modelo de negócio das soluções de mobilidade urbana pagas por utilização ou tempo - carros, bicicletas, trotinetes.

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