quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Estávamos a ver os Jogos Olímpicos, não me lembro há quanto tempo.

Ele sentado na cadeira à minha direita, eu no sofá. Estavam a decorrer as provas de atletismo e a transmissão ia acompanhando as diferentes modalidades agendadas para o dia. Uma delas era o lançamento de peso ou de martelo, não me lembro exactamente qual, mas era seguramente uma das modalidades de força. E, um aspecto sobre o qual não tenho a mínima dúvida, tratava-se da vertente feminina.

A certa altura, a câmara foca uma das senhoras possantes, de cabelo curto, que se preparava para mais um ensaio. Sentado ao meu lado, soltou um riso contido e, com um sorriso na cara, olhou para mim e perguntou-me se sabia como se chama a uma mulher daquelas na terra dele. Respondi que não sabia e preparei-me para o que aí vinha.
Macha
disse-me, e não resisti a rir-me deste (chamemos-lhe) feminino de macho, que não destoa terrivelmente numa terra onde também há cadelos, raparigos, tomatas e ervo (na era do correcto automático, é um desafio escrever estes termos). Mas há ainda uma particularidade relevante nesta palavra "macha": tal como em muitos outros sítios do país, o "ch" é pronunciado como se fosse precedido de um "t", ou seja, é como, por exemplo, o "tch" de "tchouriça". Ou seja, "macha", na prática, diz-se "matcha".

E esta é a razão pela qual sempre que ouço falar no chá tradicional dos japoneses me vem à cabeça uma senhora de equipamento de desporto e um dorsal e, sobretudo, com poucos traços alusivos à sua condição feminina.

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