sábado, 28 de fevereiro de 2015

Quando os últimos são os primeiros

Lembro-me de ter tido uma conversa com a minha avó quando estava perto de me licenciar. Rebuscou na memória dela e contou-me como sentiu um vazio no momento em que percebeu que tinha terminado o seu curso. É provável que também tenha tido a mesma sensação quando me apercebi que tinha os créditos todos que precisava ou quando me dei conta de que não precisava de ir fazer mais exames. Eventualmente porque ainda não era claro para mim o que ia fazer a seguir e, aí sim, o vazio atingiu-me – como se, de repente, não houvesse mais nada para fazer. Ou então apenas por causa da sugestão dela.

Nos últimos anos tenho coleccionado um número relativamente simpático de últimos dias. Mas estes últimos dias são diferentes dos das últimas aulas das últimas cadeiras da licenciatura. Porque estão associados não àquilo que termina mas àquilo que vai começar. E, nesse sentido, não sinto vazio nenhum – sinto, quando muito, o oposto. Como se não fossem últimos dias mas efectivamente primeiros dias. E, desta forma, estão muito mais próximos do longínquo primeiro dia de escola na primária do que último dia de faculdade.

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