terça-feira, 28 de maio de 2013

Transcend

Peguei no telefone, marquei o número e comecei a andar em direcção à cozinha: lembrei-me que tinha deixado a máquina de lavar roupa a trabalhar e que ainda não tinha tirado a roupa e posto a estender. A luz azul no botão que de imediato giro para que se apague e abro o tambor. À minha frente está a roupa e, sobre o plástico cinzento da abertura da máquina, uma coisa preta. Estico de imediato a mão em direcção ao objecto molhado e, no preciso momento em que o reconheço, atendem-me do outro lado da linha. O primeiro som que sai da minha boca é um “eeeehhh” profundo e longo e é assim que começo a conversa telefónica.

Esqueci-me de tirar a flash disk do bolso das calças e enfiei-as na máquina. Está aqui na minha mão, encharcado.
Caminho – sempre de telefone na mão – passo uma toalha sobre o pequeno disco. Penso em secar um pouco com o secador de cabelo. Desisto da ideia e vou directo à prova dos nove, a entrada USB do meu computador. Uma curta longa espera, o computador na está a reconhecer o objecto ligado à porta USB. Fecho o explorer, volto a abrir e desta vez surge qualquer coisa na drive G. Porém, a designação que costumava aparecer – “transcend”, vá-se lá saber porquê – não surge desta vez. Clico no icon da drive, não surge nada. Mas a barra azul em cima está avançar, alguma coisa está a acontecer e, uns momentos depois, o conteúdo da drive está à minha frente. Como seria de esperar – embora nunca o esperamos quando pensamos que tudo está perdido – não estava ali nada cuja perda fosse irrecuperável. Copio tudo para o disco do computador por descargo de consciência. E deito-me.

Hoje ligo a drive noutro computador. O Windows avisa que houve um problema com a drive e pergunta-me se quer que ele repare, o processo que recomenda. E eu, feito parvo, digo que sim. Passados uns minutos avisa-me que o processo de recuperação está feito e, quando o explorer abre, não há rigorosamente nada na memória. A pen está totalmente vazia. Mais, não consigo gravar nada nela.

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