quinta-feira, 2 de junho de 2011

Your call

Surges-me do nada. Assim de repente. Uma lufada de ar fresco, entre pessoas chatas e desinteressantes. É um cliché dizer este tipo de merdas mas a chatice dos clichés é que têm sempre um fundo de verdade – e dizer isto é sim mesmo um cliché. Mas donde raio é que tu me saíste? Tento perceber por entre perguntas mascaradas de piadas parvas – as piadas parvas são um instrumento para fazer as perguntas sem que se perceba que estão a ser colocadas. Lá vou conseguindo que respondas por entre mais um whisky e um cigarro – fumas praticamente um maço inteiro à minha frente enquanto o diabo esfrega um olho – e sem perceber que estás a responder. Se calhar percebes que estás a responder e sou eu afinal quem não percebe que tu percebes que eu quero que não percebas. Ofereces-me um cigarro – não fazes ideia se fumo ou não – e eu tenho a coragem de recusar. De vez em quando também percebo os teus pontos de interrogação – que se calhar não queres que eu perceba. Ou então não percebo mesmo porque não são verdadeiramente pontos de interrogação. Pontos finais, outra porcaria qualquer. Ou reticências. Reticências porque deixam sempre tudo no ar. É Como o fumo dos cigarros, um maço inteiro a voar enquanto o diabo esfrega um olho. É preciso é perceber quando são reticências. Não sei se queres que eu perceba se são reticências ou não. Não sei se queres perceber se disseste reticências ou não.

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