terça-feira, 15 de junho de 2010

Entrou na sala.

Dirigiu-se à secretária velha de madeira no centro, lá em baixo. Pousou a pasta que trazia na mão e olhou a plateia barulhenta, agitada, que ainda se sentava e preparava para o início. Virou-se para o quadro. Do suporte metálico sujo retirou um pau de giz novo. Partiu-o ao meio no rebordo do suporte metálico para evitar que o contacto do giz com o quadro soltasse aqueles ruídos agudos que furam a pele e causam arrepios. E começou a escrever. A escrever não; a desenhar. Números. Ou algarismos. Uns atrás dos outros. Enormes, de grandes dimensões. Até encher todo o espaço possível do quadro escuro. E até terminar a agitação normal dos alunos que se preparam para o início da aula. Aqueles minutos iniciais. Da plateia não vinha já praticamente qualquer som. Virou-se novamente para na sua direcção, de costas para os números, algarismos que acabara de escrever. Melhor: de desenhar. Olhou-os, algumas caras perplexas. Disse:

Hoje vou-vos falar da Lei dos Grandes Números.

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