sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Armpit stop

Se eu estava a cozer, era normal que ela estivesse a assar. Aquele calor mediterrânico que transforma uns banais trinta graus de verão numa autêntica sauna. Assim que saía à rua começava a suar. Alemã, dos seus trinta e tais. Um aspecto muito informal, de quem vai para a praia com uma saia fininha e top de alças. Já a tinha visto noutra sessão. Lembro-me porque cheguei um pouco antes da hora de início e vi-a pedir ao co-autor para apresentar o paper e não ela, estava a sentir-se mal (com o calor?). Ainda por cima era uma daquelas salas da universidade de ciências sem ar-condicionado, apenas umas ventoinhas grandes, metálicas, cinzentas, muito barulhentas, era difícil perceber e seguir as apresentações. Naquele dia estávamos nas salas do centro da cidade, perfeitamente climatizadas, como manda a lei. Era chair: fez a introdução com os detalhes de tempo e a maneira como se iria desenrolar a discussão, com aquela frieza típica dos alemães, muito recta e linear a falar. O primeiro speaker falou, o segundo devia ir a meio caminho quando, de repente, aproximou o nariz do sovaco direito. Deu duas fungadelas. Nada discretas, ainda para mais para quem está sentada lá mesmo à frente, à espera de vez. Não deve ter gostado do resultado. Abriu a mala, em cima da mesa, tirou um recipiente pequeno e deu duas bombadas em cada sovaco. Não era um daqueles aerossóis barulhentos, antes um daqueles borrifadores pequenos com uma bomba de ar. Voltou a colocá-lo na mala com a mesma tranquilidade e virou novamente a cabeça para os slides, projectados na tela lá è frente.

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