O quarto ainda não estava pronto, deixamos as malas com a recepcionista, de unhas roídas bem rente, e, depois de lhe dizermos onde temos o carro, indica-nos um parque de estacionamento com o qual o hotel tem um acordo. Quando saímos novamente, a rua onde o carro está parado está intransitável: uma conduta de água deve ter rebentado e um carro dos bombeiros está a bloquear o cruzamento ao fundo, enquanto tentam resolver o problema.
Resolvemos beber um café enquanto esperamos que o problema seja resolvido, depois de abordar os trabalhadores e lhes perguntar uma estimativa de tempo para a resolução. Descemos um pouco por uma rua pedonal onde, após algumas tentativas, nos sentamos.
Não passou muito tempo (meia hora, três quartos de hora) até regressarmos novamente. A rua já está novamente aberta mas, ao nos aproximarmos do carro, vemos um papelinho preso no limpa para-brisas, a sacudir com o vento e, pior ainda, a roda dianteira do lado do condutor bloqueada.
Voltamos à recepcionista do hotel que, quando vê o papel, resolve fazer a advertência, ligeiramente tardia, de que, naquela rua, não se pode estacionar e que a EMEL local é particularmente atenta. Pedimos-lhe que ligue para o número indicado para virem desbloquear o carro e ficamos à espera.
Poucos minutos depois (dez, quinze), surgem dois carros, donde saem uns tipos de coletes com a inscrição do organismo ou instituição para a qual trabalham, e pedem os 30 lev (ou 15 euros) da multa para soltarem a roda do carro. Explicamos (ou pelo menos tentamos) que a rua estava bloqueada e, por isso, deixámos o carro ali.
Totalmente escusado. Entre barreiras linguísticas e alguma má vontade, ficamos num beco sem saída. Oferecem-nos um número para o qual podemos ligar e fazer a nossa queixa em inglês. Desistimos e cedemos os 15 euros. Desbloqueiam a roda e desaparecem rapidamente, visivelmente irritados com a nossa contestação.
No hotel, o quarto já está arranjado mas esqueceram-nos de nos deixar toalhas. Ouve-se o som das empregadas de limpeza no corredor mas só se vê o carrinho por perto. Aproveitamos para nos servir das toalhas, à discrição, incluindo uma que segue caminho para a viagem, e que virá a dar muito jeito nos dias de praia (está aqui em casa).
A visita pela cidade é polvilhada com uma chuva miudinha, que acalma o calor do dia. O tempo encoberto enche as fotografias da catedral com a tristeza monótona do tom cinzento do céu. Terminamos o dia num restaurante onde cometemos o erro de pedir um gin tónico: recebemos um copo com pouco gelo e algum gin no fundo e uma lata de água tónica para misturar a gosto.
No dia seguinte, passamos pelo supermercado para abastecer para a viagem. O caixa faz-nos um sorriso desdentado e castanho e pergunta-nos donde somos. Assim que respondemos
Tudo bem?
com um sotaque engraçado. De imediato a conversa vai para o futebol e confessa-se fã do Sporting. À menção dos nomes de alguns búlgaros que passaram e se notabilizaram no clube, faz uma cara séria e estende a mão para um cumprimento.
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