quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Des
domingo, 27 de dezembro de 2020
Sentir e pensar
«Seremos criaturas pensantes que também sentem ou criaturas dotadas de sentimento que também conseguem pensar? A resposta é clara. Vivemos a vida a sentir, ou a raciocinar, ou ambas as coisas, dependendo daquilo que nos é exigido pelas circunstâncias. A natureza humana serve-se de toda esta gama de tipos de inteligência, explícita e não-explícita, bem como do uso do sentimento e da razão, quer sozinhos, quer a par.»
Sentir & saber, António Damásio
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Platonismo
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Durante semanas, as portadas abriam, de par em par, para o amarelo outonal das folhas.
Uma invasão de cor em dias de céu maioritariamente cinzento que, aos poucos, foi desaparecendo. Começou na manhã em os "sopradores" de folhas acordaram toda a vizinhança: de aparelhos barulhentos em riste, amontoaram as folhas caídas a um canto para depois as varrer do chão. Nesse período, casais de namorados aproveitaram a o mesmo amarelo outonal, agora no passeio, para tirar retratos, daqueles que acabam nas redes sociais, com esse pano de fundo. O processo de queda das folhas pareceu obedecer a uma coreografia ensaiada, começando numa das árvores e só passando para as seguintes depois de totalmente terminado na anterior. Consequentemente, árvores completamente nuas coabitaram com árvores ainda completamente vestidas. Neste momento, apenas uma ainda tem folhas, todas as outras têm os ramos magros totalmente expostos. E, praticamente, não se vê uma folha no chão.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
domingo, 20 de dezembro de 2020
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
Senti
Disse-lhe que ouvia religiosamente tudo o que lhe dizia. O problema é que tinha tendência para, em seguida, se esquecer.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
domingo, 13 de dezembro de 2020
Superior à média
Na conferência de imprensa em que falou do plano de restruturação da TAP, o ministro Pedro Nuno Santos despejou alguns números que comparam a empresa negativamente com as congéneres europeias e que, na sua perspectiva, justificam as medidas de redução de pessoal. Não fixei as percentagens mas, segundo o que referiu, a empresa portuguesa terá rácios de pilotos e pessoal de cabine por avião da frota superiores aos da concorrência.
Ficou-me na tímpano (expressão que me apetece cunhar, em analogia com ficar na retina): a única vez que me aconteceu receber, na manga no decurso do embarque, um saco de papel pardo com uma sandes mal-amanhada e uma garrafa de água, foi num voo da TAP. A razão para esta solução de recurso, tal como nos foi explicado, foi a falta de um número mínimo de membros da tripulação de cabine para que a "refeição" pudesse ser servida, de forma normal, durante o voo.
domingo, 6 de dezembro de 2020
sábado, 5 de dezembro de 2020
Confiança
«Trust obviates the need for money, and money without trust has no value. Perhaps it is trust that makes the world go round.»
The end of alchemy, Mervyn King
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
domingo, 29 de novembro de 2020
sábado, 28 de novembro de 2020
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
terça-feira, 24 de novembro de 2020
Last dance
Não são as jogadas, os cestos, os afundanços, os passes, as assistências, as vitórias, o sucesso. Nem sequer as tricas, as intrigas, as jogadas de bastidores, os conflitos. O que mais me chamou a atenção no documentário da Netflix foi mesmo a quantidade incrível de charutos que os jogadores dos Chicago Bulls fumavam, a começar pelo Michael Jordan
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
terça-feira, 10 de novembro de 2020
Nos EUA, milícias (bem) armadas têm vindo a ser formadas.
Entre nós, duvido que haja qualquer associação entre Melícias e armas.
sábado, 7 de novembro de 2020
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Fartar-se
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Brisa do mar
O mapa eleitoral dos EUA mostra o quão importante são os ares do mar para a saúde das pessoas.
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
As sondagens, as sondagens
238 votos de colégio eleitoral para o Biden, 21 para o Trump. Com os votos estaduais determinados até esta hora, Biden deverá ganhar o Nevada e o Arizona. Não chega: ficaria nos 255, a precisar de 15 para os 270 necessários. Trump deverá ganhar a Carolina do Norte e a Geórgia, que o deverão aos 244. Portanto, pendurados por estados da blue wall. Mas tendo em conta o que já foi apurado, Trump está claramente à frente na Pennsylvania (20 votos) e também à frente, mas menos expressivamente, no Michigan (16) e Wisconsin (10).
Avizinha-se uma longa espera.
terça-feira, 3 de novembro de 2020
Azedou
Alguns jornalistas ainda se referem à Covid como o "novo corona vírus". Aí está um adjectivo cujo prazo de validade parece ter expirado. Ou, dito de outra forma, o novo já está velho.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
sábado, 31 de outubro de 2020
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
As redes sociais surgiram uns quantos milénios tarde demais para Nero
Dificilmente alguém poderia ter maior sucesso a incendiá-las.
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Da roupa ao lençol
Usamos roupa com diferentes capacidades térmicas e até camadas em diferentes zonas do corpo: nesta altura do ano, é normal uma t-shirt/camisa, seguida de uma camisola e, nas idas à rua, um casaco; no entanto, nas pernas temos as mesmas calças de ganga, e camada única. Mas na cama usamos uma estrutura que não diferencia as diferentes zonas do corpo em matéria de capacidade térmica (embora possamos ter camadas diferentes). Por uma questão de consistência, o cobertor ou edredon que cobre o tronco deveria ser diferente daquele que cobre as pernas e os pés.
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Tânia e Cátia são nomes próprios como tantos outros.
No entanto, na génese, nas línguas eslavas, Tânia é o diminutivo de Tatiana, Cátia o de Catarina. Ou seja, são diminutivos que foram importados e assimilados por outras línguas que, ao longo do tempo, os promoveram a nomes próprios por si só, distintos dos nomes que lhes deram origem.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Seguir
Na vida virtual, as pessoas amiúde (dizem que) seguem outras nas redes sociais. Querem com isto dizer que acompanham as partilhas de conteúdos e notícias que outros vão colocando e, desta forma, mantêm-se a par do que vai acontecendo. Na vida não virtual (real?), seguir outrem parece, de imediato, coisa de stalker. Sendo certo que o stalking digital também existe, na vida não real é mais difícil falar em seguir uma pessoa sem ser com o pendor negativo da perseguição persistente.
sábado, 24 de outubro de 2020
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Filantropia
Comprar jornais, seja em papel ou na versão digital, cada vez mais parece uma forma de filantropia. Só falta dar descontos sem sede de IRS.
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
terça-feira, 20 de outubro de 2020
Tonnerre de Brest
Quando ouço falar tempestade, que actualmente assola o território nacional, nunca sei se "bárbara" é nome ou adjectivo.
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
A ilação de Costa
domingo, 18 de outubro de 2020
Os jornalistas e os jogadores de voleibol têm um forte elemento comum
Ambos são exímios a fazer manchetes.
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Igualdade no meio de desigualdade
Para evitar a desigualdade de tratamento entre quem tem e quem não tem telemóvel, implícita na proposta de tornar obrigatória a instalação da aplicação para a Covid, o governo só tem uma solução: distribuir telemóveis por toda a população, que não os poderá rejeitar.
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
terça-feira, 13 de outubro de 2020
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
Pergunta-me se está a correr bem
Digo-lhe que sim, está a correr bem, embora esteja a andar devagar.
domingo, 11 de outubro de 2020
O outlook ainda não se adaptou ao novo dia-a-dia
Questiona-me sempre se tenho mesmo certeza quando envio um pedido de reunião sem especificar a localização.
sábado, 10 de outubro de 2020
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
É uma rua que me aparece, de vez em quando, em sonhos e que não sei localizar.
De todo. Parece estreita, ladeada de casas velhas e carcomidas, janelas que abrem para estendais com roupa a secar ao céu cinzento. O pavimento de paralelepípedos é rasgado pela linha metálica do eléctrico e não se vê um carro. Do meu ponto de observação, algures no passeio do lado direito, vejo a ligeira inclinação que desce à frente dos meus olhos. Não sei onde termina: uma curva à direita impede-me de ver muito mais a partir do sítio onde estou, e donde parece que não vou sair.
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
terça-feira, 6 de outubro de 2020
O Primeiro-ministro atou o Presidente da República à recente polémica relativa ao Presidente do Tribunal de Contas...
..., referindo a prática de não recondução dos detentores destes cargos. O argumento é atendível: a recondução pode dar azo a interpretações de favorecimento por parte do detentor do cargo, para fortalecer a probabilidade de vir a exercer um segundo mandato. Ou seja, quanto menos incómodo, melhor para as aspirações pessoais. Aliás, foi esta a argumentação utilizada para não atribuir um segundo mandato a Joana Marques Vidal como Procuradora Geral da República. É uma questão estrutural que poderia ser resolvida através da alteração das regras, por forma a que estes cargos tivessem mandatos únicos, potencialmente com uma duração mais longa (por exemplo, oito anos versus cinco).
O problema é quando estas decisões são tomadas numa conjuntura que pode suscitar a aparência do problema oposto, i.e., que a não recondução é fruto do incómodo que o detentor do cargo efectivamente gera. Esta é uma interpretação mais do que justificada no caso de Marques Vidal: é (muito) difícil defender a ideia de que terá sido meiguinha para assegurar que o nome dela estivesse no topo da lista para mais uns anos à frente da Procuradoria Geral. Aliás, a haver uma percepção generalizada do seu papel é de que foi bastante incisivo e temerário, o que tende a andar de mãos dadas com o dito incómodo. Ora a mesma relevância conjuntural pode ser avançada para o actual caso do Presidente de Tribunal de Contas, numa altura em que o país vai ser inundado de fundos europeus, e dado o histórico de utilização dos mesmos ao longo das últimas décadas.
Donde, em ambos os casos, a percepção do problema conjuntural parece claramente dominar o do estrutural, pelo que a opção pela recondução poderia ter gerado menos polémica.
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
A recente crise não afectou o dia-a-dia dos presidentes americanos (e outros que tais)
sábado, 3 de outubro de 2020
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Trabalhar remotamente
Os braços da cadeira do escritório doméstico ficaram consideravelmente mais gastos nos últimos meses.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Tenho sérias dúvidas que seja um ser humano:
parece-me mais um estar humano. Falta-lhe a centelha, a vontade. Existe, é certo. Mas parece estar aqui apenas de passagem, sem grande vontade, sem grande convicção. Como se não tivesse outra opção senão existir.
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
terça-feira, 22 de setembro de 2020
Pureza
Como medida para combater a descarbonização do planeta e, dessa forma, dar algum descanso à consciência ambiental, passou a beber gin puro.
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
domingo, 20 de setembro de 2020
Falta a probabilidade de, daqui a uns meses, ainda ser Trump a escolher
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
É uma permanente luta para pôr certos à frente dos pontos.
Ou não resistir à vontade de riscá-los, de torná-los totalmente ilegíveis, como se nunca tivessem estado naquele bocado de papel. Num misto de alívio e alguma raiva, descarregada nervosamente através da caneta. Isto até aos novos pontos fazerem o seu caminho até entrarem na lista, numa nova lista ou na mesma, agora com adições. Qual rol de compras de mercearia que parece nunca acabar: há sempre coisas para substituir no frigorífico e na despensa. Uma subjugação em pontos, uma ditadura em alíneas.
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Era isso que não conseguia aceitar
(e não entender, entendia perfeitamente): que não fica mais fácil com o passar do tempo. Não interessa a experiência e o calo, os cabelos brancos e a mundividência. Podem ajudar conjunturalmente, em determinadas situações e casos. Mas não estruturalmente.
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Ácido
No recente documentário sobre Miles Davis "Birth of the cool", Carlos Santana descreve o acid jazz, ao qual o músico do trompete a certa altura se dedicou, como música que tinha o condão de pôr sóbrios os que estavam a tripar em ácidos e pedrados os que estavam sóbrios.
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Feel the need
Numa palestra na Google, um dos espectadores pergunta a Christopher Hitchens se não sente a necessidade de se juntar a outros ateus, como ele, para, de uma forma organizada, defender as suas ideias face às organizações religiosas que estão do outro lado da discussão, a defender posições contrárias. Ou seja, a organização como forma de nivelar a contenda. Hitchens começa por responder de uma forma surpreendentemente mais abrangente:
«I'm no longer a joiner up of groups. I don't feel the belonging need anymore. I used to when I was younger and more left that I am now feel that, the need to be involved in an organized way. Now I don't, and I think I probably have more influence as an individual than I ever did as a cogwheel in a so-called party.»
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Com algum atraso
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
Não tinha uma opinião nada original (como não costumo ter, verdade seja dita)
A minha aposta era a de tantos outros: que Djokovic iria vencer este Open dos Estados Unidos, o que lhe abriria a porta para definitivamente atingir as marcas de Nadal e Federer.
E depois acontece um evento estranho e raro que culmina na desqualificação do sérvio, que atingiu, sem querer, uma juíza de linha, quando devolvia uma bola para trás, após o final de um ponto. O resultado não poderia ser outro, e os antecedentes são bastante claros: que o digam, por exemplo, Fernando Meligeni que, em 1999, foi desqualificado do Open do Estoril por ter acertado num espectador e David Nalbandian que foi pelo mesmo caminho no torneio de Queens de 2012, após ter dado um chuto numa placa de madeira perto da cadeira do árbitro de linha, que acabou por o mandar ao chão.
A questão de ser voluntário ou não é de menor importância para esta sanção em concreto. Da mesma forma que, se bater no carro que vai à minha frente, serei sempre culpado, independentemente da potencial condução errática e perigosa do outro condutor faça. A responsabilidade é mina de garantir que consigo sempre imobilizar o meu carro sem embater no da frente. Ora, qualquer jogador de ténis é responsável por não magoar ninguém - de uma acção que não resulte do próprio jogo, claro.
A questão seguinte é a severidade da punição. Parece brutal excluir alguém por algo que é claramente não-intencional - não se trata de, voluntariamente, demorar muito tempo entre pontos, partir uma raquete ou ofender o árbitro, situações normalmente punidas com sanções de importância crescente, a partir de uma primeira advertência verbal sem nenhuma consequência material, até penalizações de um ponto, jogo, partida. Mas, verdade seja dita, mesmo involuntariamente, Djokovic pôs em risco a integridade física de uma pessoa.
Pela positiva, fica a reacção de Djokovic que, embora tenha trocado palavras com a equipa de arbitragem e tentado contra-argumentar, nunca perdeu a compostura e, quando percebeu que não havia volta a dar, aceitou e abandonou o court. Mais, reconheceu publicamente o erro e pediu desculpas à juíza de linha. Contraponha-se esta reacção com a de Serena Williams, aquando do seu episódio na final do mesmo Open dos Estados Unidos, em 2018.
sábado, 5 de setembro de 2020
Ainda sobre Abe
O Japão é uma espécie de candeia que vai à frente e alumia duas vezes, um canary in the coal mine. Por alguma razão se fala na japanificação, uma ameaça do possível alastramento, às restantes economias avançadas, de uma performance económica anémica, caracterizada por estagnação, inflação baixa ou mesmo deflação, e taxas de juro muito baixas.
Em 2013, Shinzo Abe tornou-se primeiro-ministro, e levou consigo para o trabalho a sua estratégia de 3 setas: política monetária audaz, política orçamental flexível e estratégia de crescimento. Embora objectivamente houve metas não atingidas (por exemplo, o objectivo de inflação) as opiniões dividem-se no que concerne à avaliação do legado de Abe. Seja como for, a Abenomics simbolizou uma viragem de página com determinação, uma pedrada no charco. Talvez por isso, o anúncio da sua saída da vida política activa, por motivo de doença, seja, em si, outra viragem de página.
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
Genuflexão virtual
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Da leitura de sorrisos
Os povos asiáticos são, amiúde, mal interpretados no que respeita a sorrisos: um sorriso genuíno pode facilmente ser interpretado por um amarelo (mas não vice-versa).
domingo, 30 de agosto de 2020
Rubrica descubra a inconsistência
Em entrevista ao Expresso, o Primeiro-ministro é questionado se será necessário o Governo apoie directamente algumas empresas. O Primeiro-ministro inicia a sua resposta mencionando que tal já foi feito nos casos da TAP e Efacec. Explica que, para o efeito, tem à disposição o Banco de Fomento, bem como instrumentos de capitalização "que permitem acorrer a empresas viáveis, social e economicamente (...) e que estejam a enfrentar situações conjunturais que exijam essa intervenção.".
E depois acrescenta a seguinte questão: "Se quero pôr dinheiro em empresas que estavam a falir?" à qual, de imediato, responde enfaticamente que não, acrescentando "Não faz sentindo estar a consumir recursos dos contribuintes para alimentar artificialmente quem estava falido."
sábado, 29 de agosto de 2020
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
terça-feira, 25 de agosto de 2020
sábado, 22 de agosto de 2020
Ainda sobre a escolha de Kamala
Joe Biden tinha feito o compromisso de escolher uma vice-presidente. Em si, embora relativamente refrescante, não é totalmente inédito: Sarah Palin foi a escolhida por John McCain para o segundo posto. O que seria verdadeiramente novo seria a escolha de alguém da ala mais esquerda do Partido Democrata, como Elisabeth Warren. Alguém com um discurso mais progressista, que defende, entre outros, o acesso universal a cuidados médicos e educação, o combate à desigualdade, a taxação de grandes fortunas, e tem um discurso bastante duro em relação ao sector financeiro, aos bancos e a Wall Street.
Ora Biden não é nada disto: o ex-vice de Obama tem, normalmente, um posicionamento muito próximo do centro da distribuição do Partido Democrata. Desse ponto de vista, um second-in-command com as características de Warren daria uma grande complementaridade e, concorde-se ou não, uma lufada de ar fresco.
Em contraste, o posicionamento político de Kamala está seguramente mais próximo do de Biden. Por outras palavras, ao escolher uma mulher afro-americana, tenho dúvidas que Biden esteja a fazer mais história do que se tivesse escolhido a caucasiana Elisabeth Warren. Conquistar os votos afro-americano e latino não é o principal objectivo desta escolha: estes são grupos que tipicamente votam democrata. É, ao invés, uma escolha cautelosa, que evita o risco de potencialmente alienar parte dos votos democratas, que não receberiam Warren de braços abertos. Por alguma razão os mercados reagiram bem à nomeação de Kamala.
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Zona
O DVD ficou repleto de erupções cutâneas e bolhas e foi diagnosticado com um grave problema de zona.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Ainda sobre a escolha da Kamala
Um dos comentários que Obama fez quando escolheu Biden para o seu "ticket" foi a diferença de opiniões entre ambos. O antigo presidente frisou os aspectos positivos de ter, ao seu lado, alguém com opiniões distintas em vários assuntos para o aconselhar. Não preciso de ninguém que concorde comigo. É uma postura refrescante, característica de quem aprecia a discussão e o confronto de opiniões. E, sobretudo, de quem tem a confiança e a coragem para não se rodear de yes men e women, que se limitam difundir o discurso que emana do lugar cimeiro, ao mesmo tempo que abanam a cauda, numa subserviência calculada. Uma lição neste país onde, como referiu António Barreto na entrevista à RTP de há algumas semanas atrás, existe o resvaladiço conceito de "confiança política".
Biden aposta na mesma complementaridade: Kamala deve ter sido quem mais o atacou durante a campanha democrata e alguns desses ataques, durante os debates, tornaram-se soundbytes. Derrotada nessa circunstância, é agora repescada para uma possível vice-presidência, que pode vir a ter uma preponderância maior que o cargo normalmente implica, por razões estritamente naturais: Biden tem quase 80 anos. Mesmo que o resultado das eleições seja diferente e Trump permaneça um segundo mandato na Casa Branca, este convite tem o potencial para cimentar a hipótese de Kamala vir a ter sucesso numa futura candidatura à eleição democrata.
sábado, 15 de agosto de 2020
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
That little girl was me
O antigo vice-presidente escolheu, para vice-presidente na sua candidatura a presidente, a mulher que tinha dito que ele poderia ser o seu vice-presidente, quando ela própria estava na corrida para a eleição do candidato democrata à presidência.
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
All in
Mais do que skin in the in the game, os actores porno têm foreskin in the game (excepto circuncidados, claro).
domingo, 9 de agosto de 2020
Os filósofos e os jogadores de rugby têm vidas relativamente parecidas
Ambos passam a vida a (procurar) fazer ensaios.
sábado, 8 de agosto de 2020
Os apelidos não eram o problema.
Porque os apelidos decorrem de uma regra, o resultado de um processo social ou cultural, que estabeleceu a importação de, pelo menos, o último apelido da mãe e o do pai, bem como a ordem pela qual devem aparecer na designação da geração seguinte. A questão residia com o nome próprio que é, única e exclusivamente, decorrente de uma escolha (dentro da lista de nomes próprios admissíveis, bem entendido). Mais e pior: uma escolha alheia. E não própria, para usar o mesmo termo do próprio nome próprio.
Por isso, ao entrar na Conservatória do Registo Civil, com o intuito de submeter um requerimento para alterar o nome próprio, só tinha uma coisa na cabeça: reclamar um quinhão de liberdade ao aniquilar uma parte da liberdade alheia. Não havia outra forma senão através deste jogo de soma nula.
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Também funciona na afirmativa
Um jardineiro que não sabe podar é um jardineiro que não sabe da poda.
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Beber para recordar
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
terça-feira, 4 de agosto de 2020
Às vezes, vem de onde menos se espera
domingo, 2 de agosto de 2020
Gesundheit
sábado, 1 de agosto de 2020
Ta tãã ta tããã pa pã pãã
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Der frühe Vogel fängt den Wurm
quinta-feira, 30 de julho de 2020
De "hábil" a "habilidoso" não vai uma distância muito grande.
quarta-feira, 29 de julho de 2020
Igualdade através de desigualdade
terça-feira, 28 de julho de 2020
La mauvaise éducation
segunda-feira, 27 de julho de 2020
Por quem os sinos dobram
domingo, 26 de julho de 2020
Bruit
sábado, 25 de julho de 2020
Faltou uma cerimónia com as principais figuras de Estado e a dedicatória aos profissionais de saúde
sexta-feira, 24 de julho de 2020
Com salada de pimento
quinta-feira, 23 de julho de 2020
A marca
terça-feira, 21 de julho de 2020
Contradição de termos
segunda-feira, 20 de julho de 2020
Chega pra lá
domingo, 19 de julho de 2020
Gouailleuse
sábado, 18 de julho de 2020
Macht
quinta-feira, 16 de julho de 2020
quarta-feira, 15 de julho de 2020
Reconversão
segunda-feira, 13 de julho de 2020
domingo, 12 de julho de 2020
Uma questão de asteriscos
sábado, 11 de julho de 2020
Começo a invejar as malas de senhora
sexta-feira, 10 de julho de 2020
quinta-feira, 9 de julho de 2020
Como se não tivéssemos já suficiente com que nos ralar
quarta-feira, 8 de julho de 2020
terça-feira, 7 de julho de 2020
segunda-feira, 6 de julho de 2020
domingo, 5 de julho de 2020
At arm's length
sábado, 4 de julho de 2020
Prisão domiciliária - 116º dia
sexta-feira, 3 de julho de 2020
A localidade chama-se Galiza.
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Cedo erguer
quarta-feira, 1 de julho de 2020
Alouette
terça-feira, 30 de junho de 2020
segunda-feira, 29 de junho de 2020
domingo, 28 de junho de 2020
Cão que ladra
quinta-feira, 25 de junho de 2020
Arricar-se
Off with their heads
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Tosse
terça-feira, 23 de junho de 2020
segunda-feira, 22 de junho de 2020
domingo, 21 de junho de 2020
Prisão domiciliária - 103º dia
sexta-feira, 19 de junho de 2020
Prisão domiciliária - 101º dia
terça-feira, 16 de junho de 2020
Os paus já cá cantam, venham os contos
segunda-feira, 15 de junho de 2020
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Prisão domiciliária - 96º dia
Euros com cêntimos.
quinta-feira, 11 de junho de 2020
Do the right thing
quarta-feira, 10 de junho de 2020
To give the floor
terça-feira, 9 de junho de 2020
Apron strings
segunda-feira, 8 de junho de 2020
domingo, 7 de junho de 2020
sábado, 6 de junho de 2020
Prisão domiciliária - 88º dia
sexta-feira, 5 de junho de 2020
quinta-feira, 4 de junho de 2020
quarta-feira, 3 de junho de 2020
Prisão domiciliária - 85º dia
terça-feira, 2 de junho de 2020
segunda-feira, 1 de junho de 2020
Pêle-mêle
domingo, 31 de maio de 2020
Prisão domiciliária - 82º dia
sábado, 30 de maio de 2020
sexta-feira, 29 de maio de 2020
quinta-feira, 28 de maio de 2020
Vertu
Le côté de Guermantes, Marcel Proust
quarta-feira, 27 de maio de 2020
Prisão domiciliária - 78º dia
terça-feira, 26 de maio de 2020
Version N.0
domingo, 24 de maio de 2020
Être dans les choux
sábado, 23 de maio de 2020
Embaixada da língua
sexta-feira, 22 de maio de 2020
Prisão domiciliária - 73º dia
Tratava-se do pequeno aparelho redondo, branco, colocado no tecto da sala, a que vulgarmente chamam detector de incêndio, e que gritava a plenos pulmões, com uma pequena luz vermelha a pulsar. Não tive muito tempo para aprofundar a profunda (pleonasmo à parte) falta de lógica: já fiz tanta coisa nesta cozinha com igual grau de frigideira, não se entende o porquê desta queixa súbita e histérica. Atravesso a sala de frigideira na mão (não tentem isto em casa), abro a porta que dá para varanda e ai coloco a fonte do sinistro, longe da fonte do ruído. De seguida abro todas as janelas possíveis e imaginárias (esta casa tem mesmo muitas janelas), abro a porta do quarto, que tinha fechado por causa do cheiro, e também aí escancaro as janelas e, finalmente, a porta da rua, para forçar uma corrente de ar.
O aparelho infernal não pára. Já a imaginar uma invasão de bombeiros, já a imaginar todo o género de explicações - juro que estava só a fazer o jantar, pode ver, ainda está na varanda, tem bom aspecto, não tem? Não senhor, não fumo! - reparo, repentinamente, que há um pequeno botão, uma espécie de uma patilha mesmo ao lado da irritante luz vermelha que pulsa freneticamente. Pego na cadeira, ponho-me em cima, e carrego naquela coisa em desespero de causa. O barulho continua. Carrego novamente, com mais convicção, com muita mais convicção, com a convicção de quem está farto desta chinfrineira e só quer o jantar que lentamente arrefece ao ar livre da varanda.
O aparelho infernal não pára. Desisto, salto da cadeira, quem te disse que aquela patilhazita é para se carregar, se calhar aquela porcaria daquele botão não serve para nada ou então serve para outra porcaria qualquer. Considero pegar nos papéis que me entregaram quando me mudei, com os contactos a utilizar em caso de emergência. Quando revolvo a cabeça à procura do local onde os guardei, sou obrigado a reconhecer que, de repente, tudo parece silencioso. Redirecciono a atenção da procura dos papéis para o aparelho infernal e reparo que se calou.
Pego na frigideira e ponho-a novamente na chapa, mais que não seja para voltar a aquecer as salsichas. Reparo que, na confusão, me esqueci do arroz, que começa a querer pegar ao tacho: retiro da chapa, mexo rapidamente e alegro-me por ver que não chegou a queimar. Ponho tudo no prato, onde já estavam os brócolos. Fecho quase todas as janelas e deixo só as que têm rede mosquiteira. Finalmente janto.
quarta-feira, 20 de maio de 2020
Linearidade
terça-feira, 19 de maio de 2020
À prende avec des gants
segunda-feira, 18 de maio de 2020
Prisão domiciliária - 69º dia
domingo, 17 de maio de 2020
sábado, 16 de maio de 2020
Tell me lies, tell me sweet little lies
À l'ombre des jeunes filles en fleurs, Marcel Proust
sexta-feira, 15 de maio de 2020
quinta-feira, 14 de maio de 2020
terça-feira, 12 de maio de 2020
Pombos faquir
segunda-feira, 11 de maio de 2020
Prisão domiciliária - 64º dia
domingo, 10 de maio de 2020
As escadas de metal estão perto do canto esquerdo da varanda.
Pela porta de vidro que dá para a varanda, vejo subitamente alguém: uma miúda, talvez dos seus vinte anos, acabada de trepar escadas acima, ficou imobilizada no pequeno patamar metálico assim que me viu encolher as mãos e levantar os braços, perante a invasão inusitada. Abro a porta e, ironicamente, digo-lhe
Hi
Como se fosse normal cumprimentar cordialmente quem invade a casa alheia. Ficou manifestamente incomodada, desfez-se em desculpas
I just wanted to see what was up here.
que me soa verdadeiramente parvo como justificação. Respondo
My flat.
afirmação dificilmente refutável e com a vantagem de trazer, implicitamente acoplada, a exclamação Clooneana "what else...?". Ela desculpa-se novamente enquanto inicia o processo de descida. Digo-lhe
That's ok
Que é como quem diz, aceito a desculpa, mas não me andes para aí a subir às varandas dos outros.
sábado, 9 de maio de 2020
Autoria
sexta-feira, 8 de maio de 2020
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Em ré
quarta-feira, 6 de maio de 2020
Macaquinho de imitação
terça-feira, 5 de maio de 2020
Libre penseur
À l'obre des jeunes filles en fleurs, Marcel Proust
segunda-feira, 4 de maio de 2020
Foda-se
domingo, 3 de maio de 2020
sábado, 2 de maio de 2020
sexta-feira, 1 de maio de 2020
quinta-feira, 30 de abril de 2020
Exclusão alimentar
quarta-feira, 29 de abril de 2020
Vai para baixo
terça-feira, 28 de abril de 2020
Metade
segunda-feira, 27 de abril de 2020
Droga
À la recherche du temps perdu, Marcel Proust
domingo, 26 de abril de 2020
Narrativa
Há uns tempos, um amigo chamou-me a atenção para o emprego que, hoje em dia, se faz, amiúde, da palavra "narrativa". Da mesma forma que, neste exemplo, o governo chinês tem uma narrativa (que pode ser mais abrangente do que o episódio de combate ao Covid-19), há tantas outras narrativas. A esquerda e a direita têm as suas narrativas, as religiões têm as suas narrativas. Outro exemplo: a narrativa (ou uma das) deste governo PS é que pôs fim à austeridade, algo que é contestado por outros partidos e sensibilidades políticas. Até as pessoas que acreditam que a Terra é plana tem a narrativa delas: acreditam que a Terra é plana.
O termo "narrativa" remete-me, de forma quase automática, para uma carteira de sala de aula, que eu ocupava na pré-adolescência. A disciplina é, naturalmente, português, na altura em que abordámos as particularidades deste tipo de texto, os seus elementos - acção, tempo, personagens, narrador, etc.. Lembro-me (surpreendentemente) relativamente bem da professora desta disciplina: costumava insistir, com alguma veemência, na forma como avaliávamos se o narrador era participante ou não-participante: "entra na história...? Mas bate à bota e pergunta "posso entrar?", é isso?".
Em si, narrar é contar, descrever, relatar algo e esse algo pode ser a realidade. Intuitivamente, reservo o verbo "narrar" para aquelas histórias que os anglo-falantes definem como "stories", para distinguir de History, e que tem um equivalente (horripilante) no novo acordo da língua portuguesa sob a forma de "estórias". Ou seja, associo "narrativa" a ficção. Por isso, parece-me inadequado quando se pretende narrar a realidade: é tratá-la como se fosse uma história (estória).
Há o espaço para a subjectividade da interpretação daquilo que é: será um sucesso ter apenas o número de vítimas mortais registado oficialmente, ou será um desastre termos todos estes falecidos contabilizados? Seguramente haverá uma narrativamente para as posições, assim como inúmeras outras para outras posições intermédias ou mais extremadas. Mas o ponto é esse: mesmo em face do mesmo, é uma posição sobre o que significa.
Donde, como sugestão de resolução deste profundo dilema: se fizer sentido, basta substituir a palavra "narrativa" por "opinião", "teoria" ou "hipótese". Porque, normalmente, não é mais do que isso: é uma forma de ver e interpretar a realidade. Certo que, em alguns casos, estamos claramente no campo daquela ficção das história (estórias): por exemplo, no que concerne à hipótese/teoria/opinião que defende que a Terra é plana. Excluindo esses casos da mais obtusa negação da realidade, a troca parece funcionar bem.
sábado, 25 de abril de 2020
sexta-feira, 24 de abril de 2020
Love in an elevator
quarta-feira, 22 de abril de 2020
Prisão domiciliária - 43º dia
terça-feira, 21 de abril de 2020
Concentra-te (só) no ténis
segunda-feira, 20 de abril de 2020
sábado, 18 de abril de 2020
Prisão domiciliária - 39º dia
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Infinitivar
Realçar que não é o único, é uma prática que se verifica em diferentes contextos,
Acrescentar que é bastante recorrente notório na televisão, nos telejornais, especialmente nos casos de jornalistas que fazem directos.
Indicar que não dei conta quando quando começou.
Agradecer ao Ricardo Araújo Pereira, que foi quem me despertou para o fenómeno, referindo-se às pessoas que dizem frases que podem, genericamente, começar com a expressão "grande chefe índio"
Expressar, nesta fase, alguma incompreensão: a que se deve esta renitência em conjugar verbos? Tratar-se-á de uma moda que ninguém sabe de onde brotou? Será, pura e simplesmente, preguiça?
Enfatizar que é um hábito um bocado ridículo.
Pedir que parem com esta parvoíce e voltem a conjugar.
quinta-feira, 16 de abril de 2020
Mi-voix
Du côté de chez Swann, Marcel Proust