Joe Biden tinha feito o compromisso de escolher uma vice-presidente. Em si, embora relativamente refrescante, não é totalmente inédito: Sarah Palin foi a escolhida por John McCain para o segundo posto. O que seria verdadeiramente novo seria a escolha de alguém da ala mais esquerda do Partido Democrata, como Elisabeth Warren. Alguém com um discurso mais progressista, que defende, entre outros, o acesso universal a cuidados médicos e educação, o combate à desigualdade, a taxação de grandes fortunas, e tem um discurso bastante duro em relação ao sector financeiro, aos bancos e a Wall Street.
Ora Biden não é nada disto: o ex-vice de Obama tem, normalmente, um posicionamento muito próximo do centro da distribuição do Partido Democrata. Desse ponto de vista, um second-in-command com as características de Warren daria uma grande complementaridade e, concorde-se ou não, uma lufada de ar fresco.
Em contraste, o posicionamento político de Kamala está seguramente mais próximo do de Biden. Por outras palavras, ao escolher uma mulher afro-americana, tenho dúvidas que Biden esteja a fazer mais história do que se tivesse escolhido a caucasiana Elisabeth Warren. Conquistar os votos afro-americano e latino não é o principal objectivo desta escolha: estes são grupos que tipicamente votam democrata. É, ao invés, uma escolha cautelosa, que evita o risco de potencialmente alienar parte dos votos democratas, que não receberiam Warren de braços abertos. Por alguma razão os mercados reagiram bem à nomeação de Kamala.
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