Ela insistia no “je me lave les mains” e eu continuava a achar um absurdo. Aquele “me” estava claramente a mais. Não faz sentido nenhum. Mas é óbvio que eu lavo as minhas próprias mãos; você anda para aí a lavar as mãos de outros? E discutimos mais. Ela insistia: o verbo é reflexivo, tem que ter o pronome.
E depois desarmou-me. “Je me lave”, pura e simplesmente. Porque em português, à boa moda do Pilates, eu diria “lavo as mãos” mas poria sempre o “me” – este luso – da discórdia para dizer “eu lavo-me”. Sem as duas letrinhas a seguir ao hífen posso estar não só a mim próprio, mas também à louça suja, ao carro, etc.
Finalmente comecei a atribuir alguma lógica a “lavar-me as mãos”. Ainda para mais porque em espanhol e alemão também há, respectivamente, um “me” – este castelhano – e um “mich” algures na frase equivalente. Agora, uma coisa é certa: soa terrivelmente mal e ninguém me convence do contrário.
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