quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Trapos de Língua #4

Não foram os primeiros, longe disso, a perguntar-me se temos outra língua ou dialecto. Falei-lhes do mirandês, língua com a qual praticamente nunca tive qualquer tipo de contacto. Ficam um pouco admirados. Mais nada? Sim, só o mirandês. Não temos mais nenhuma língua oficial ou dialecto que eu conheça. Temos diferentes sotaques regionais mas é só isso. De resto, só unidade linguística.

E depois ficámos a remoer. Eles, espanhóis, tinham, para além do castelhano, o catalão, o basco, o galego, para dar como exemplos. Síndrome de país pequeno? Não. Lembrei-me da Holanda. Os dialectos. Todos falam flamengo, com sotaques diferente no norte e no sul. E depois, nas vilas e aldeias do Limburgo, cada um daqueles holandeses vai para casa falar um qualquer dialecto com os pais, dialecto esse cujo uso está confinado a uma área geográfica bastante restrita.

4 comentários:

  1. Un Blogue pa ampeçar a tener cuntato: http://frolesmirandesas.blogspot.com. Dende hai mais ligaçones que puoden ser antressantes.

    Un Pertués,
    Cecílio

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  2. Olha que o tema de Espanha e as línguas é o cabo dos trabalhos. Há situações de pessoas em em determinadas regiões (a Galiza, por exemplo) que não conseguem educar os filhos em espanhol porque na escola da terra deles decidiram que a língua é o galego. (idem para País Basco e Catalunha) Mais do que uma questão de identidade, as línguas regionais espanholas são, em minha opinião, ferramentas de uso político para justificar os interesses dos próprios políticos em pedir autonomia e diferenciamento. Trata-se da classe política a tentar justificar-se a si mesma. O resultado, até hoje, é um simples desmembrar de uma identidade nacional. (note-se que durante muito tempo a língua basca não tinha forma escrita e era falado apenas pelos iletrados das aldeias piscatórias; em muito pouco tempo passou a ter uma forma escrita "inventada", e é requerido, por exemplo, para poder ocupar bastantes cargos públicos - leia-se "públicos", não "políticos", ainda que uma grande parte dos bascos adultos de hoje não o falem de todo)

    Nuno Martins

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  3. É o primeiro comment que leio em mirandês. Obrigado pela dica, Cecílio.

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  4. Nuno:

    Tens razão, Espanha é um caso diferente. A Holanda e a Itália devem ser os melhores exemplos daquilo que eu queria dizer. Referia-me àqueles países que nasceram como a soma de vários unidades distintas, razão que é apontada para justificar a existência da tonelada de dialectos que têm, quase um por cada aldeia ou lugarejo. No nosso caso, contrariamente, há uma unidade linguística forte que poderá estar relacionada com a unidade territorial que desde tão cedo tivemos. E mantivemos.

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