sábado, 30 de janeiro de 2010
Bengala branca
Passava pela etapa pela qual todos os alunos de nível pós-graduado passam. A pergunta surgiu-lhe naturalmente depois de uma curta conversa, uma ligeira troca de impressões no gabinete de decoração clássica: “O Professor gostaria de me orientar?”. A primeira reacção do outro lado da secretária de madeira escura foi algum silêncio. A expressão ficou um pouco crispada, como se de repente tivesse ficado pouco confortável. Depois, algo titubeante, manifestamente nervoso, baixou a cabeça, estendeu o braço em direcção ao bloco de gavetas por baixo do tampo maciço, ao lado das suas pernas. Fez alguma força para abrir uma das gavetas, pesada, lenta. Passou a mão pelo conteúdo como que a querer certificar-se antes de falar. “Em que é que estava a pensar? Tenho Valiums, Xanaxs, Lorenins, bóias, hax, pastilhas, speeds…”
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