sexta-feira, 20 de março de 2009

Sentado no lancil do passeio.

Nas costas, os colchões, os trapos, as caixas de papelão, os plásticos. Tudo virado para as grelhas de ventilação que ajudam a aquecer a noite. As pernas para a estrada de paralelepípedos. A perna esquerda está por debaixo, serve de apoio à direita que, cruzada, aproxima o pé dos braços. Na mão direita, uma agulha daquelas fininhas procura uma veia perto daquela zona arredondada onde o dedo grande se junta ao resto do pé. Não se incomoda minimamente com os carros que passam. Nem sequer tira os olhos da agulha fininha – as agulhas dos drogados são sempre fininhas e compridas – como se tivesse medo de se desconcentrar a meio daquela operação delicada.

Sem comentários:

Enviar um comentário