segunda-feira, 2 de março de 2009

Na ciência há uma certa dose de fatalismo.

Como se fosse uma engrenagem que inexoravelmente avança num determinado sentido, independentemente de quem, num dado momento, nela trabalha. Pitágoras escreveu um teorema mas esse teorema seria exactamente o mesmo se tivesse sido escrito por outra pessoa. Mais: se Pitágoras nunca tivesse existido ou se se tivesse dedicado à pesca e não a teoremas, seria uma questão de tempo até que outra pessoa se apercebe que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos.

Ora, isto significa que é irrelevante quem faz as descobertas, quem desbrava o caminho; pelo contrário o que é verdadeiramente importante são as descobertas em si, as teorias, os axiomas, os teoremas. E é por isso que existem casos de descobertas simultâneas.

Na arte, tudo se passa ao contrário. O fatalismo não está de todo presente. Se Camões não tivesse existido, Os Lusíadas tão-pouco teriam sido impressos. Podia existir um livro com o título Os Lusíadas mas não seria aquele que lemos na escola. Isto acontece porque o objecto é indissociável de quem o cria. A Capela Sistina só podia ter sido pintada por Miguel Ângelo; acaso tivesse sido pintada por outro artista, continuaria a ser a Capela Sistina mas não aquela que identificamos com a daquele pintor.

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