Explica-nos que os quartos ficam naturalmente muito quentes quando estão fechados e que não há ar-condicionado. Para dormir, podemos abrir todas as janelas à vontade, nenhum animal vai entrar e não há mosquitos. É como se estivéssemos a dormir ao relento. É recebido com algum cepticismo. Mas, claro, resolvemos testar.
Cada quarto é como uma pequena habitação individual, separado alguns metros dos restantes. A parede onde fica a porta, e onde estão as camas, é a única que não tem janela. À direita das camas, um janelão abre de cima a baixo, a quase totalidade da largura do quarto, para um pequeno terraço, com uma mesa e cadeiras cheias de pó. De frente para as camas, outra parede que é também praticamente só vidro. Finalmente, a parede do fundo tem duas pequenas janelas, entre as divisões que têm o chuveiro e a sanita. No meio das janelas está um lavatório.
Tal como nos havia sido dito, as zebras começam a aparecer ao lusco-fusco, lá ao fundo. Aproximam-se lentamente, dão alguns passos na direcção do buraco de água e param. Esperam um pouco, avaliam a situação, até voltar a ganhar coragem para dar mais outros passos e parar novamente. Sentamo-nos a ver esta aproximação. Torço para que se despachem, é cada vez mais difícil tirar fotografias à medida que a luz vai desaparecendo. Ao mesmo tempo, um cão pequenito e velhote, constantemente a arfar e com uma espécie de carraças a percorrer o lombo, dá voltas consecutivas à propriedade. Surge sempre pela mesma janela da zona do bar e segue pela direita para, passado um pouco, aparecer novamente pela mesma janela, como se estivesse preso numa espécie de Groundhog Day de frequência superior à diária.
Sentamo-nos no terraço a ver as estrelas e as zebras a beber água lá à frente. Embora houvesse um em praticamente todas as camas que passamos, esta foi a única vez na viagem que usei um edredon. Soube bem voltar a dormir tapado. De manhã vemos o nascer do sol.
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